Washington, EUA - Acusado pelos democratas de "incitar a insurreição", Donald Trump, que nega qualquer responsabilidade na invasão do Capitólio por seus apoiadores, provavelmente enfrentará nesta quarta-feira (13/1) a aprovação de um segundo processo de impeachment contra ele.
Uma semana depois do ataque que deixou cinco mortos em Washington, a Câmara de Representantes deve votar por volta das 15h locais(17h de Brasília).
Com o apoio dos democratas e de alguns republicanos, o impeachment contra Trump deve passar facilmente na Câmara baixa. O 45º presidente pode assim se tornar o primeiro na história do país a ser submetido ao julgamento político duas vezes.
A oposição acusa o presidente republicano de encorajar seus apoiadores, durante um comício em 6 de janeiro, a interromper a sessão de certificação da vitória eleitoral do democrata Joe Biden.
Na terça-feira, Trump garantiu que não será afastado antes do final do mandato, em 20 de janeiro.
De Alamo, no Texas, para onde viajou para comemorar a construção do muro na fronteira com o México, ele tentou mostrar uma imagem menos agressiva.
"Agora é a hora de nossa nação se recuperar e é hora de paz e calma", disse ele.
Seu vice-presidente, Mike Pence, se recusou a invocar a 25ª Emenda à Constituição, que permitiria declarar o republicano inapto para o cargo.
Apesar dessa rejeição, a Câmara de Representantes aprovou uma resolução simbólica pedindo que ele invocasse essa emenda.
Embora esse texto tenha recebido apenas o aval de um republicano, a abertura de um impeachment contra Trump pode ter um apoio maior entre os membros de seu partido.
Cinco deles já manifestaram intenção de votar a favor do "impeachment", entre eles Liz Cheney, uma das líderes da minoria republicana e filha do ex-vice-presidente Dick Cheney.
"Esta insurreição causou ferimentos, mortes e destruição no espaço mais sagrado de nossa república", disse ela sobre a tomada do Congresso.
Mesmo assim, o resultado do julgamento no Senado é incerto, onde uma maioria de dois terços é necessária para condenar Trump.
Trump isolado
Ao sair de Washington na manhã de terça-feira, Trump chamou o julgamento de impeachment promovido pelos democratas de "totalmente ridículo", dizendo que gerou um "ódio imenso" em todos os Estados Unidos.
O presidente não assumiu nenhuma responsabilidade pelo incidente violento, garantindo que seu discurso foi "totalmente adequado" e denunciando o "erro catastrófico" das redes sociais que suspenderam suas contas.
Horas depois, a plataforma YouTube suspendeu o canal de Trump por "pelo menos sete dias" e excluiu um de seus vídeos por violar sua política contra discurso de ódio.
Apesar do apoio de alguns parlamentares, o presidente está mais isolado do que nunca após uma série de renúncias de seu governo.
Segundo o New York Times e a CNN, o líder republicano do Senado Mitch McConnell, principal aliado de Trump nos últimos quatro anos, dá as boas-vindas a um "impeachment" porque poderia libertar o partido de Trump, a quem ele culpou pelas duas derrotas no segundo turno da eleição para o Senado há uma semana na Geórgia, após o qual os republicanos perderam a maioria.
Nenhum republicano na Câmara de Representantes apoiou o impeachment anterior contra Trump em 2019, e apenas um senador do partido, Mitt Romney, votou para condená-lo. O presidente foi então absolvido da acusação de reter ajuda financeira para obrigar a Ucrânia a investigar uma suposta corrupção de seu adversário político Biden.
Reprovação dos generais
No âmbito militar, os principais generais dos Estados Unidos condenaram o ataque ao Capitólio em uma mensagem às tropas.
"A violenta revolta ... foi um ataque direto ao Congresso dos Estados Unidos, ao edifício do Capitólio e ao nosso processo constitucional", de acordo com um memorando assinado pelos oito membros do Estado-Maior Conjunto, liderado por seu chefe, o general Mark Milley.
"O direito à liberdade de expressão e reunião não dá a ninguém o direito de recorrer à violência, sedição e insurreição", afirmaram.
O Pentágono destacou até 15.000 membros da Guarda Nacional para a posse de Biden em 20 de janeiro.
Inicialmente mobilizados para fornecer apoio logístico à polícia, seus integrantes começaram a portar armas na noite de terça-feira, segundo um fotógrafo da AFP.
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