Em meio à corrida global contra a covid-19, França e Reino Unido estenderam a vacinação a mais pessoas nesta segunda-feira (18), na esperança de começar a conter a pandemia, que já causou mais de 550.000 mortes na América Latina.
Depois de vacinar profissionais da saúde e residentes e funcionários de lares para idosos, a França lançou a segunda fase de sua campanha para inocular sua população contra o vírus. É a vez de cerca de cinco milhões de pessoas com mais de 75 anos, além de 800 mil pessoas com patologias de "alto risco", como insuficiência renal crônica, ou em tratamento de câncer.
O ministro francês da Saúde, Olivier Veran, pediu "paciência" para a lentidão com que as doses estão chegando. Até o momento, cerca de 422.000 pessoas já foram vacinadas neste país que lamenta mais de 70.000 óbitos.
Atingido por uma variante do vírus até 70% mais contagiosa segundo autoridades sanitárias, o Reino Unido também decidiu acelerar sua campanha de vacinação, aberta a partir de hoje a todas as pessoas com mais de 70 anos. Além disso, tornou obrigatória a apresentação de teste negativo e de quarentena para quem viaja para o país.
Desde o lançamento da campanha de vacinação em 8 de dezembro, mais de 3,8 milhões de pessoas receberam a primeira dose, e meio milhão, as duas necessárias.
Em todo mundo, mais de 40 milhões de doses de vacinas foram aplicadas em pelo menos 60 países, ou territórios, de acordo com um balanço estabelecido pela AFP nesta segunda-feira (18), com base em fontes oficiais.
Israel é, de longe, o país mais avançado em termos de porcentagem da população, com cerca de um quarto de sua população já vacinada com pelo menos uma dose. Em volume, os Estados Unidos lideram, com 12,28 milhões de doses administradas a 10,60 milhões de pessoas (3,2% da população).
Fronteiras fechadas
A vacinação também está se espalhando em outras partes do mundo, onde o vírus matou mais de dois milhões de pessoas desde seu aparecimento na China em dezembro de 2019.
Na Europa, a Rússia iniciou hoje uma campanha com sua vacina Sputnik V, "a melhor do mundo", segundo o presidente Vladimir Putin A Índia lançou a sua no sábado (16) e planeja vacinar 300 milhões de pessoas até julho, quase o equivalente a toda população dos EUA.
Nos Estados Unidos, o país com mais vítimas fatais do mundo, com quase 400 mil mortes, a meta de 100 milhões de doses da vacina nos primeiros 100 dias do mandato do novo presidente Joe Biden é "viável", estimou no domingo (17) o imunologista Anthony Fauci, que se tornará seu principal conselheiro sobre a pandemia depois de fazer parte do governo de Donald Trump.
No domingo, o Brasil (cerca de 210 mil mortos) autorizou duas vacinas: a britânica AstraZeneca e a chinesa CoronaVac. Pouco depois, Mónica Calazans, enfermeira da UTI do hospital Emilio Ribas em São Paulo, foi a primeira a ser vacinada contra a doença.
Mais de 100 pessoas receberam a injeção da CoronaVac em São Paulo, contrariando os planos do governo federal, que quer começar a campanha na quarta-feira, dois dias depois de as doses começarem a ser distribuídas entre os 27 estados.
550.000 mortos na América Latina
O lançamento da campanha no Brasil ocorre no momento em que a América Latina e o Caribe ultrapassam 550 mil mortes em decorrência do novo coronavírus, conforme balanço da AFP desta segunda-feira.
A região é a segunda mais atingida em número de mortos, atrás da Europa (660.429). As mais de 550.000 mortes na América Latina e no Caribe representam mais de um quarto das mortes em mundo inteiro, de um total de 17.368.045 casos (quase 95 milhões de casos no mundo).
Atrás do Brasil, os países mais enlutados são México (mais de 140.000), Colômbia (mais de 48.000) e Argentina (mais de 45.000).
A situação na região brasileira do Amazonas é pior do que durante a primeira onda da pandemia e pode causar a implosão do sistema de saúde, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Se as coisas continuarem assim, veremos claramente uma onda que será pior do que a onda catastrófica de abril e maio", alertou o diretor de emergências da organização, Michael Ryan.
Mais restrições
Os planos de vacinação não são suficientes, por enquanto, para conter a pandemia e, portanto, as medidas de restrição e distanciamento continuam a se expandir.
As máscaras cirúrgicas FFP2 são obrigatórias para o transporte comum na Baviera, no sul da Alemanha e, na Áustria, país que anunciou no domingo a prorrogação de seu terceiro confinamento até 8 de fevereiro.
No sábado, a Itália proibiu voos do Brasil em função de uma nova variante descoberta no país e, a partir desta segunda-feira, mais uma vez confinará três regiões consideradas de alto risco de contágio.
O Peru estendeu, por sua vez, a suspensão de todos os voos da Europa até 31 de janeiro para tentar impedir a chegada da variante britânica do vírus. A Austrália não deve reabrir suas fronteiras para viajantes estrangeiros em 2021, segundo estimou um importante assessor do governo.
Essas restrições às viagens que custam caro para a economia em geral também podem afundar um símbolo dos transportes na Europa, a companhia ferroviária Eurostar que liga o Reino Unido ao continente.
Diretores de empresas britânicas pediram ao governo que participe do resgate do grupo, que oferece atualmente apenas uma viagem diária de ida e volta entre Paris e Londres, em vez das duas por hora que fazia antes da pandemia.
Quem saiu relativamente incólume do desastre de 2020 foi a China, que anunciou um Produto Interno Bruto (PIB) positivo de 2,3% no ano passado, o que não esconde o fato de ser seu pior desempenho econômico em mais de quatro décadas.
Diante das restrições impostas em tantas partes do mundo, o pequeno emirado de Dubai abre suas portas aos turistas, sem quarentena, ou toque de recolher, apesar do aumento das infecções. "Não tenho medo aqui. Veja, todo mundo usa máscara", diz Dimitri Melnikov, um turista russo de 30 anos.
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