Diplomacia

UE está disposta a normalizar relações com a Turquia

Disputas com a Grécia e Chipre e envolvimento em conflitos na Síria, Líbia e Nagorno Karabakh são alguns dos pontos de divergência entre o bloco e a Turquia

Correio Braziliense
postado em 21/01/2021 09:09
Ações de Recep Tayyip Erdogan têm desagradado a União Europeia pela agressividade -  (crédito: Adem ALTAN / AFP)
Ações de Recep Tayyip Erdogan têm desagradado a União Europeia pela agressividade - (crédito: Adem ALTAN / AFP)

Ancara, Turquia - Preocupados com as ações do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, os líderes da União Europeia apresentarão nesta quinta-feira (21/1) ao chanceler turco Mevlut Cavusoglu as condições para normalizar as relações com a Turquia, mas também o informarão que não "virarão a página" sobre as ações agressivas de Ancara.

O chanceler turco se reunirá esta tarde em Bruxelas com o chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrell. No dia seguinte, será recebido pelo presidente do Conselho Europeu, o belga Charles Michel, e pelo secretário-geral da Otan, o norueguês Jens Stoltenberg.

Os líderes europeus tomaram nota do desejo do presidente turco de reduzir as tensões nas relações com Bruxelas.

Desconfiam, porém, de qualquer "declaração de intenção" e querem "fatos e ações concretos", disse Peter Stano, porta-voz de Borrell.

"Todos esperamos que as palavras do presidente turco sejam rapidamente transformadas em atos concretos e duradouros que demonstrem sua verdadeira boa vontade para com a UE", ressaltou à AFP o ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn.

Mas "ninguém quer virar a página", alertou. "A UE continua determinada a defender os seus interesses e os dos seus Estados membros, bem como a preservar a estabilidade regional", acrescentou.

Os pontos de tensão são numerosos e incluem disputas com a Grécia e Chipre, o envolvimento da Turquia em conflitos na Síria, Líbia e Nagorno Karabakh, violações do embargo de armas da ONU à Líbia e ações militares agressivas no Mediterrâneo Oriental.

Os líderes europeus estenderam a mão ao presidente Erdogan em julho de 2020, mas ele a rejeitou, e em dezembro Bruxelas decidiu sancionar Ancara por continuar sua prospecção de gás na zona econômica exclusiva de Chipre, no Mediterrâneo Oriental.

Neste contexto, Borrell apresentará um relatório sobre as relações políticas, econômicas e comerciais entre a UE e a Turquia e oferecerá opções aos líderes da UE para sua cúpula de março. "Ainda há muito a ser feito para abrir um diálogo franco com a Turquia", disse recentemente.

O cenário mudou para Erdogan com a perda do apoio dos Estados Unidos e a chegada de Joe Biden ao poder.

Além disso, os "enormes problemas econômicos" da Turquia não permitem que ela corte os laços com a Europa, seu maior parceiro comercial.

"A casa está caindo e [Erdogan] está perdendo a classe média", disse uma autoridade europeia, acrescentando que "os europeus estão esperando para ver se essa atitude é sincera e duradoura".

A Alemanha, principal potência econômica da UE, está comprometida com o apaziguamento. Seu ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas, viajou para Ancara na segunda-feira.

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