Fronteiras fechadas

França e Alemanha vetam a entrada de cidadãos de diversos países, incluindo o Brasil, devido às variantes do vírus. Com 820 mortes em 24 horas, governo francês impõe medidas mais restritivas, a partir de hoje, e considera o terceiro bloqueio em menos de 12 meses

Correio Braziliense
postado em 30/01/2021 22:40
 (crédito: Geoffroy Van der Hasselt/AFP)
(crédito: Geoffroy Van der Hasselt/AFP)

Temendo as variantes mais virulentas do coronavírus, França e Alemanha endureceram as medidas restritivas, com fechamento de fronteiras e do comércio. A partir de hoje, shopping centers franceses com mais de 20 mil metros quadrados serão fechados; o trabalho em casa reforçado e a vigilância sobre festas e abertura ilegal de restaurantes endurecidas, disse o primeiro-ministro Jean Castex. “Nosso dever é fazer tudo que pudermos para evitar um novo lockdown, os próximos dias serão cruciais. Não se admitirão transgressões de poucos, arruinando os esforços de todos”, afirmou, ontem.

No vídeo semanal transmitido aos compatriotas, a chanceler alemã, Angela Merkel, reconheceu que o fardo das famílias está pesado, com crianças e pais em casa, mas pediu paciência, para se evitar um fechamento total. “Quanto mais consistentes somos agora, evitando contato e mantendo distância, seguindo regras de higiene e usando máscaras, mais cedo (a volta à normalidade) será possível novamente”, disse.

Desde ontem, o país proibiu a entrada de pessoas provenientes do Brasil, de Portugal, do Reino Unido, da Irlanda e da África do Sul. Na França, as fronteiras estarão ainda mais restritas: “Exceto por razões excepcionais, serão proibidas qualquer entrada na França e qualquer saída do nosso território para ou de um país fora da União Europeia”, disse Jean Casteux. Ficam de fora da resolução apenas nações consideradas de baixo risco: Austrália, Coreia do Sul, Japão, Nova Zelândia, Ruanda, Singapura e Tailândia.

Lockdown

Com 731 mil mortos desde o início da pandemia, a Europa é a região do mundo que soma mais óbitos causados pela covid-19. A França contabilizava, até ontem, 75.765 vítimas, com 820 novas mortes entre sexta-feira e sábado. Apesar de reconhecer que os franceses estão fartos das restrições — entre março e maio do ano passado, o país esteve sob bloqueio estrito, voltando a um lockdown menos rígido de outubro a dezembro —, o governo de Emannuel Macron considera fechar a França novamente.

“O toque de recolher às 18h tem sido relativamente ineficaz. Temos dados que mostram que, nesse estágio, ele não diminui o suficiente a circulação do vírus”, admitiu o porta-voz do Palácio do Eliseu, Gabriel Attal. Revoltados, os franceses criaram uma hasthag, a #JeNeMeReconfineraiPas (Eu não me confinarei novamente). À véspera do endurecimento das medidas restritivas, a população lotou feiras, shoppings e o comércio de rua.

Na Alemanha, que detectou o primeiro caso da variante brasileira do Sars-CoV-2 há uma semana, a incidência de infecções em sete dias caiu abaixo de 100 pela primeira vez na quinta-feira passada, com 94,4 novos casos em 100 mil pessoas. Ainda assim, além do fechamento das fronteiras, o país permanece com lojas não essenciais, escolas e creches fechadas. As empresas são obrigadas a estabelecer o trabalho em casa e o uso de máscaras cirúrgicas é obrigatório no transporte público.

Na contramão das medidas restritivas de França e Alemanha, o Vaticano decidiu reabrir seus museus a partir de amanhã. A Capela Sistina também receberá o público novamente, depois de 88 dias de fechamento. Primeiro país europeu a sofrer os efeitos do Sars-CoV-2 no ano passado, a Itália entrou em recessão profunda, com o colapso do turismo e do comércio. Com 88 mil mortos, todo o território está sujeito ao toque de recolher noturno, com mesas de bares e restaurantes encerrando o atendimento às 18h.

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Visita ao marco zero

 (crédito: Hector Retamal/AFP)
crédito: Hector Retamal/AFP


Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) visitaram, ontem, o Hospital Jinyintan, de Wuhan, o primeiro da cidade a receber pacientes com covid-19. A delegação, que está na China para tentar descobrir a origem do Sars-CoV-2, não divulga a agenda previamente, enquanto o país asiático mantém-se praticamente calado sobre a missão. Peter Daszak, um dos membros da equipe internacional, escreveu ontem no Twitter que a ida ao centro de saúde foi “um momento importante para falar diretamente com os médicos que estiveram presentes naquele momento crítico na luta contra a covid”. Sem dar detalhes, a OMS mencionou incursões ao Instituto de Virologia de Wuhan, onde o coronavírus era manipulado, e a um mercado local, onde animais exóticos vivos eram vendidos.

Máscaras obrigatórias

Em mais um passo do governo Joe Biden para conter a disseminação do novo coronavírus, a partir de amanhã, os norte-americanos serão obrigados a usar máscaras protetivas em praticamente todas as formas de transporte público em todo o país. A ordem geral emitida pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estabelece que o não cumprimento da determinação constituirá “uma violação da lei federal”, sem especificar as punições possíveis.

A exigência vale para viagens em aviões, trens, ônibus, táxis, caronas, metrôs, balsas e barcos. Na prática, trata-se de uma extensão a uma das primeiras ordens executivas assinadas pelo presidente Joe Biden, que estabeleceu o uso de máscaras para viagens interestaduais, como parte de uma estratégia mais ampla para combater o Sars-CoV-2.

A norma geral, que vale para viagens dentro de cada estado, entra em vigor às 23h59 locais de amanhã. “O uso de máscaras em nossos sistemas de transporte protegerá os americanos e transmitirá a confiança de que podemos viajar com segurança novamente, mesmo durante esta pandemia”, enfatiza o comunicado, divulgado na noite de sexta-feira. “Portanto, a exigência de máscaras nos ajudará a controlar esta pandemia e a reabrir a economia dos Estados Unidos”, acrescentou os CDC.

Exceções

Ressalvas ao uso de máscaras serão toleradas quando as pessoas estiverem comendo, bebendo ou tomando remédios. Também serão admitidas nos casos de comunicação com portadores de deficiência auditiva.

Segundo as autoridades da área de saúde, há sinais de que a disseminação da doença começa a ficar controlada. O número de novas infecções e internações hospitalares vem diminuindo há duas semanas. Segundo os especialistas, essa melhora deve-se ao respeito às regras de distanciamento, higiene e proteção, além do fato de o efeito negativo das festas de fim de ano e das suas reuniões familiares estar ficando para trás.

O cenário, porém, é grave. Os EUA continuam registrando mais de 3 mil mortes por dia. O país tem as piores estatísticas mundiais — 440 mil mortes e 26 milhões de infectados. Mas é o que mais vacina, com cerca de um milhão de imunizados por dia.

 

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