O ministério alemão da Justiça propôs eliminar o termo "raça" da Constituição, uma ideia que ainda deve ser debatida pelo governo, informaram fontes oficiais.
"O ministério da Justiça enviou na terça-feira um projeto, que ainda não foi aprovado pelo governo federal, para as associações correspondentes para que adicionem comentários se desejarem", disse um porta-voz do ministério da Justiça ,
Segundo esta proposta, que a AFP teve acesso, o artigo 3 da Lei fundamental alemã já não proibiria a discriminação fundada pela "raça" de uma pessoa, mas por "motivos racistas".
O termo "raça" entrou na Constituição em 1949, em um ambiente de pós-guerra e um momento em que a Alemanha queria acabar com o capítulo do nazismo e seu racismo institucionalizado.
"A Lei fundamental usa esse termo para se afastar das ideologias baseadas na raça", segundo a proposta do ministério, que estima que para se afastar definitivamente dessas ideias é melhor também deixar de usar a palavra.
Na Alemanha, o debate sobre a questão foi retomado no ano passado, no momento das manifestações antirracistas nos Estados Unidos e no mundo após a morte de George Floyd, um cidadão negro, asfixiado por um policial branco.
O lider dos ecologistas alemães, Robert Habeck, assinou então uma coluna em um jornal pedindo que o termo "raça" fosse descartado, porque "não há raças, há seres humanos".
Desde então, vários partidos políticos se posicionaram a favor desta mudança, desde a esquerda radical até vozes do partido conservador da chanceler Angela Merkel.
Qualquer emenda constitucional exige a maioria de dois terços das Câmaras alta e baixa do Parlamento alemão.
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