As imagens capturadas por câmeras de celulares de moradores ao longo do vale do Rio Dhauli Ganga, no estado indiano de Uttarakhand (norte), são impressionantes. Uma enorme massa de água varre tudo pela frente, engole casas, estradas, pontes e usinas hidrelétricas. A tragédia foi provocada por uma geleira do Himalaia que se desprendeu, caiu no leito do Dhauli Ganga, rompeu as barragens de uma represa e levou a um aumento repentino do nível da água.
Até o fechamento desta edição, as autoridades estimavam entre 125 e 200 desaparecidos. Sete corpos tinham sido resgatados de dentro do rio.“Subia uma nuvem de poeira à medida que a água avançava. O chão sacudia como em um terremoto”, afirmou Om Agarwal, morador da região, à emissora Indian TV a testemunha Om Agarwal.
Centenas de soldados e paramilitares foram enviados à região, a bordo de helicópteros das Forças Armadas. O chefe da polícia estadual, Ashok Kumar, lançou uma operação de emergência para resgatar 17 trabalhadores da usina de Rishi Ganga que ficaram presos em um túnel. Ele admitiu que pelo menos 200 pessoas possam ter morrido após serem arrastadas pela correnteza somente nas centrais hidrelétricas. De acordo com Kumar, havia 50 funcionários em Rishi Ganga e 150 na usina de Tapovan. “Não temos nenhuma informação sobre eles”, lamentou.
“A Índia está com a Uttarakhand e a nação ora pela segurança de todos lá. Tenho conversado com as autoridades e recebido atualizações sobre os trabalhos de resgate e as operações de socorro”, declarou o primeiro-ministro, Narendra Modi. Ele anunciou uma recompensa de 200 mil rúpias indianas (cerca de R$ 14,7 mil) para as famílias dos mortos, e 50 mil rúpias (R$ 3,6 mil) para as vítimas que se feriram gravemente. O incidente em Uttarakhand remonta a uma tragédia provocada no mesmo estado pelas chuvas de monções, conhecida como “o desastre de Kedarnath”: em 17 de junho de 2013, 5.748 inidianos morreram em meio às inundações.
Morador de Nova Délhi, o jornalista indiano Hridayesh Joshi, autor de Rage of the river: the untold story of Kedarnath disaster (“Ira do rio: a história não contada do desastre de Kedarnath”), estava a caminho de Uttarakhand quando falou ao Correio, na tarde de ontem. “O Himalaia é uma área ecologicamente muito sensível, especialmente a região onde ocorreu o desastre, chamada de Reserva da Biosfera de Nanda Devi. Apesar de não podermos dizer que o aquecimento global provocou esse incidente, sabemos, por meio de relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que eventos meteorológicos extremos têm ocorrido por causa das mudanças climáticas”, comentou. Segundo ele, na década passada, o vale do Dhauli Ganga recebeu várias usinas hidrelétricas. “Essas obras também foram questionadas em relação ao cumprimento das normas ambientais.” (RC)
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“Eventos meteorológicos extremos são cada vez mais comuns no Himalaia, com o derretimento de geleiras e mudança no padrão da queda de neve. A precipitação pluviométrica também tem reduzido drasticamente na crodilheira. O governo precisa formularsuas políticas com base na mitigação das consequências desses eventos extremos.”
Hridayesh Joshi, jornalista indiano, autor de Rage of the river: the untold story of Kedarnath disaster (“Ira do rio: a história não contada do desastre de Kedarnath”)
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