Golpe

Após golpe de Estado em Mianmar, tatuagem política volta à moda

A mais pedida é a frase "Kabar Ma Kyay Bu", tomada de uma canção revolucionária, cuja tradução literal é "Suportaremos até o fim do mundo"

Agência France-Presse
postado em 08/02/2021 13:07
 (crédito: STR / AFP)
(crédito: STR / AFP)

Em Mianmar, um número crescente de jovens está gravando na pele sua resistência após o golpe militar que encerrou um período democrático de uma década, mergulhando o país em um futuro incerto.

Presentes em grande número nas ruas da principais cidades do país, como Yangon, a capital econômica, ou Naipido, desde o fim de semana, o movimento de protesto também invadiu os estúdios de tatuagem, como o de Ko Sanay, cujos clientes afluem sem cessar solicitando inscrições e símbolos contra a ditadura.

A mais pedida é a frase "Kabar Ma Kyay Bu", tomada de uma canção revolucionária, cuja tradução literal é "Suportaremos até o fim do mundo".

Com tinta vermelha, Ko Sanay escreve com cuidado os caracteres no idioma birmanês.

"Somos totalmente contra a ditadura militar. Vamos combatê-la (de todas as formas possíveis)", comentou o tatuador à AFP.

"Estou com raiva, o que sinto é uma ira profunda", explica Zaw Myo Htut, um cliente para quem a canção ressoa perfeitamente com o momento atual e guiou sua escolha de tatuagem.

Os generais golpistas encerram em 1 de fevereiro uma frágil transição democrática, estabelecendo o estado de emergência por um ano e prendendo Aung San Suu Kyi, a chefe de fato do governo constitucional, e outros líderes de seu partido político, a Liga Nacional para a Democracia (NLD).

Os generais justificaram seu golpe mencionando fraudes nas eleições de novembro, que foram vencidas pela NLD.

Não é a primeira vez que as tatuagens políticas se tornam populares em Mianmar.

Com a aproximação das primeiras eleições democráticas no país em 2015, após quase 50 anos de governo militar ditatorial, tatuar o rosto de Aung San Suu Kyi esteve na moda, assim como depois da grande vitória que a levou ao poder.

Em Yangon, a moda também voltou para o tatuador John Gyi, que se diz muito satisfeito em poder lutar da sua maneria pela democracia, graças ao seu talento artístico.

"Não gosto da ditadura militar, então tatuo aqueles que compartilham dos mesmos ideais que eu", disse ele à AFP.

Desde a recente prisão domiciliar da Prêmio Nobel da Paz, ele destaca que tatuou seu rosto em dez de seus clientes.

 

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