Os rebeldes houthis do Iêmen atacaram, nesta quarta-feira (10), o aeroporto internacional de Abha, no sul da Arábia Saudita, alegando ter como alvo os militares, um "crime de guerra" para a coalizão liderada por Riade.
A escalada intervém em plena tentativa de apaziguamento depois que Estados Unidos revisou sua política sobre o Iêmen, o que deu esperanças sobre uma retomada do processo de solução política de um conflito que já dura vários anos.
O ataque coincide com uma visita a Riade do novo enviado americano para o Iêmen, Timothy Lenderking, que se reuniu com o chefe da diplomacia saudita, o príncipe Faisal bin Farhan, segundo uma fonte oficial.
As imagens publicadas pela imprensa oficial saudita mostram a fuselagem de um avião destruído neste ataque.
A televisão estatal informou de "um ataque covarde da milícia houthi contra o aeroporto internacional Adha". "O incêndio de um avião de passageiros (...) está sob controle", acrescentou.
Nesta televisão, El Ekhbariyah, que cita como fonte a coalizão liderada pela Arábia Saudita em apoio ao governo iemenita desde 2015, não informou sobre vítimas ou se havia passageiros a bordo no momento do ataque.
A coalizão informou pouco antes que interceptou dois drones armados no sul do reino Wahhabi enviados pelos rebeldes houthis, que contam com o apoio do xiita Irã.
A guerra no Iêmen enfrenta há mais de seis anos os rebeldes houthis, apoiados por Teerã, e as forças do governo, apoiadas desde 2015 por uma coalizão liderada por Riade.
- "Crime de guerra" -
"Tomar como alvo o aeroporto de Abha é um crime de guerra e põe em risco a vida dos viajantes civis", disse a televisão estatal saudita, citando a coalizão.
O ministro da Informação iemenita, Muamar al-Iryani, denunciou no Twitter uma operação liderada pelo Irã para "desestabilizar a região", referindo-se ao grande rival regional da Arábia Saudita.
Um porta-voz dos rebeldes respondeu, por sua vez, que "o regime agressivo da Arábia Saudita ignorou todos os [seus] pedidos para não usar os aeroportos civis para fins militares".
"Esta operação é uma resposta aos ataques aéreos [da coalizão] e ao bloqueio imposto ao nosso povo", acrescentou o porta-voz dos houthis.
Na capital iemenita Sanaa, sob controle houthi, os rebeldes anunciaram que atacaram um estacionamento do aeroporto usado para "atacar militarmente o povo iemenita".
No domingo, Estados Unidos pediu aos houthis para cessar "imediatamente" os ataques contra áreas civis sauditas e qualquer nova ofensiva militar no Iêmen.
O novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, revisou a política sobre este conflito, deixando de apoiar militarmente a coalizão de Riade e retirando os houthis de uma lista de organizações terroristas.
Mas Washington reafirmou seu compromisso de ajudar os sauditas a proteger seu território de ataques do exterior.
Hisham Sharaf, que exerce como chanceler dos rebeldes, respondeu na terça-feira ao governo Biden que só vão cessar seus ataques quando a Arábia Saudita e as forças leais ao governo do Iêmen interromperem os seus.
A guerra no Iêmen deixou dezenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, segundo organizações internacionais, e provocou a pior crise humanitária atualmente no mundo, segundo as Nações Unidas.
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