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Advogados de Trump apresentam argumentos de defesa no Senado

Trump é objeto de um julgamento político, acusado de "incitação à insurreição" após sua derrota para Joe Biden nas eleições de 3 de novembro

Agência France-Presse
postado em 12/02/2021 12:42
 (crédito: AFP / MANDEL NGAN)
(crédito: AFP / MANDEL NGAN)

Os advogados de Donald Trump apresentam nesta sexta-feira (12) no Senado os argumentos de defesa no julgamento político do ex-presidente dos Estados Unidos por "incitação à insurreição", e se espera que os republicanos votem majoritariamente pela absolvição.

"Estou ansioso para ver o que meus amigos republicanos farão, ver se vão se levantar", disse Biden aos jornalistas na Casa Branca.

Na quinta-feira, Biden disse que "alguns (legisladores) podem ter mudado de opinião" após as evidências apresentadas contra Trump, sugerindo que os senadores republicanos poderiam condenar o ex-presidente.

No entanto, até o momento não há indícios de que os democratas conseguirão convencer os 17 republicanos necessários para alcançar os dois terços de votos para condenar Trump, que continua mantendo o controle sobre a ala direita de seu partido.

Os democratas que atuam como procuradores encerraram na quinta-feira a apresentação das acusações após dois dias, com alguns momentos carregados de emoção. Agora os advogados do empresário republicano terão a oportunidade de responder.

Eles devem ser breves. "Não há razão para ficarmos aqui por muito tempo. Como disse desde o início, este julgamento nunca deveria ter acontecido", afirmou um dos advogados, David Schoen, ao canal Fox News.

Trump é objeto de um julgamento político, acusado de "incitação à insurreição" após sua derrota para Joe Biden nas eleições de 3 de novembro.

A acusação afirma que o ex-presidente começou a gerar o terreno fértil para o ataque contra o Capitólio em 6 de janeiro, com denúncias sem provas de fraude eleitoral em massa contra ele.

No dia 6 de janeiro, Trump discursou perto da Casa Branca e pediu a seus simpatizantes que seguissem até o Congresso, que certificaria a vitória de Biden no mesmo dia.

Uma turba invadiu o edifício do Congresso, em um ataque que terminou com cinco mortos, incluindo um policial.

Os acusadores insistem que Trump é "perigoso" e deveria ser impedido de voltar a concorrer à presidência.

Mas os advogados do ex-presidente estão dispostos a argumentar que seu discurso foi retórico e ele não pode ser responsabilizado pelas ações da multidão.

Também alegam que o julgamento político é inconstitucional porque Trump não está mais na presidência, embora o Senado tenha rejeitado este argumento na terça-feira.

- "Pacote de entretenimento" -


As imagens apresentadas pelos procuradores democratas mostraram uma multidão perseguindo oponentes de Trump, enquanto figuras importantes, incluindo o então vice-presidente Mike Pence, fugiam para um local seguro.

A defesa afirmará que o ex-presidente não afirmou de forma expressa para que os seguidores cometessem atos de violência.

Schoen criticou as imagens apresentadas pela acusação como um bom "pacote de entretenimento".

Mas o líder da parte acusadora, Jamie Raskin, disse que Trump estimulou o extremismo antes mesmo das eleições.

"Esta insurreição pró-Trump não surgiu do nada", disse Raskin. "Esta não foi a primeira vez que Donald Trump inflamou e incitou uma turba".

Ele afirmou que era imperativo condenar Trump e proibir que volte a concorrer à Casa Branca em 2024.

"Há algum líder político nesta sala que acredite que Donald Trump deixará de incitar a violência para conseguir o que deseja se voltar ao Salão Oval?", questionou Raskin. "Você apostaria o futuro de sua democracia nisto?"

Também rebateu a afirmação da defesa de que o então presidente estava exercendo seu direito constitucional à liberdade de expressão.

"Ninguém pode incitar uma insurreição", afirmou Raskin.

O senador republicano Bill Cassidy reconheceu que as imagens eram "fortes", mas disse que "ainda é preciso ver" como influenciarão o processo.

Outros senadores republicanos parecem decididos a não romper com Trump.

"O voto de 'não culpado' está crescendo", afirmou no Twitter o senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul. "Acredito que a maioria dos republicanos considerou ofensiva e absurda a apresentação" da acusação democrata.

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