Manifestação

Em Mianmar, general prende ativistas, corta internet e reprime atos

Os manifestantes se reuniram em vários locais para exigir o retorno da democracia e a libertação da chefe de governo Aung San Suu Kyi

Agência Estado
postado em 15/02/2021 10:09
 (crédito: SAI AUNG MAIN/AFP)
(crédito: SAI AUNG MAIN/AFP)
A junta militar de Mianmar, liderada pelo general Min Aung Hlaing, aumentou a repressão aos protestos contra o golpe de Estado com prisões durante a noite, ameaças contra quem abriga ativistas, bloqueio da internet e veículos blindados nas ruas.
Pelo nono dia consecutivo, manifestantes saíram às ruas desafiando as ordens dos militares, que tomaram o poder no dia 1.º. Eles não aceitam o resultado de uma eleição realizada em novembro do ano passado, que deu ampla vantagem aos civis. Sem provas, os militares afirmam que a disputa foi fraudada.
Os militares não comentaram a movimentação dos blindados que cruzaram as ruas de Yangon neste domingo, 14, durante o dia, abrindo caminho em meio ao tráfego intenso. O governo determinou que as operadoras de telefonia móvel que desligassem as conexões de internet de 1h às 9h desta segunda-feira, 15, no horário local.
Em Yangon, principal cidade do país, os manifestantes se reuniram em vários locais, inclusive perto do famoso templo Shwedagon, para exigir o retorno da democracia e a libertação da a chefe de governo Aung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz.
Presa novamente em 1.º de fevereiro, Suu Kyi não foi mais vista desde então, embora seu partido diga que ela estava "bem de saúde", mantida incomunicável em uma casa em Naipidal, capital administrativa de Mianmar.
As forças de segurança prenderam cinco jornalistas após disparar contra manifestantes na cidade de Myitkyina, no norte do país, segundo a imprensa local. As tropas dispersaram a manifestação disparando contra os manifestantes, segundo um jornalista local que não soube se os soldados dispararam com balas reais ou de borracha.
Desde o início do movimento, os militares já prenderam cerca de 400 políticos, ativistas e civis, entre jornalistas, médicos e estudantes. O conselho liderado por Hlaing publicou uma lista de sete dos ativistas que buscam ativamente promover os protestos. "Se você encontrar algum dos fugitivos mencionados ou se tiver alguma informação sobre eles, dirija-se à delegacia de polícia mais próxima", disse o comunicado divulgado pela imprensa estatal ontem.
A embaixada dos Estados Unidos em Mianmar alertou sobre movimentos de tropas e possíveis "interrupções de telecomunicações" em Yangon. Embaixadores dos EUA, Canadá e de 12 nações europeias, incluindo o Reino Unido, pediram às forças de segurança que aja com violência contra os que "protestam contra a queda de seu governo legítimo".
Eles condenaram as prisões de líderes políticos e ativistas, bem como a interferência dos militares nas comunicações. "Apoiamos o povo de Mianmar em sua busca por democracia, liberdade, paz e prosperidade", disseram eles em um comunicado conjunto divulgado ontem pelo Twitter. "O mundo está assistindo." Aliados tradicionais do exército do país, Rússia e a China, pedem que as nações não se interfiram nos "assuntos internos" de Mianmar.

Prisões e censura

No sábado, o general Hlaing concedeu poderes de emergência às forças de segurança, que podem conduzir buscas domiciliares sem mandado ou deter pessoas por curtos períodos sem permissão de um juiz. A junta afirma ter assumido o poder de acordo com a Constituição e ordenou aos jornalistas do país que parassem de falar em "governo golpista".
"Alertamos jornalistas e meios de comunicação para não escreverem com o objetivo de causar desordem pública", disse o Ministério da Informação em nota enviada ao comitê de correspondentes estrangeiros. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
 

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