Teerã, Irã - O Irã reafirmou, nesta segunda-feira (15), sua oposição à bomba atômica, argumentando uma proibição religiosa, após as polêmicas declarações de um ministro.
"A posição do Irã não mudou: as atividades nucleares do Irã sempre foram pacíficas e continuarão sendo", disse o porta-voz das Relações Exteriores iraniano, Said Khatibzadeh, em uma coletiva de imprensa em Teerã.
"A fatwa do líder supremo sobre a proibição das armas nucleares continua válida", acrescentou Khatibzadeh, referindo-se a um decreto religioso do número um do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
O texto desta fatwa, do qual o Irã levou anos afirmando sua existência, foi publicado pela primeira vez em 2010, em plena crise pelo programa nuclear iraniano.
O Irã foi acusado na época pela comunidade internacional, liderada pelos países ocidentais e Israel, de querer se equipar secretamente com a bomba atômica, violando o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), do qual faz parte.
A fatwa do Guia declara o uso da bomba atômica como "haram" (proibido pelo Islã) e é usada frequentemente por Teerã como garantia de suas boas intenções no âmbito nuclear.
Mas o ministro da Inteligência iraniano, Mahmud Alavi, recentemente levantou dúvidas com declarações consideradas "muito preocupantes" pelo departamento de Estado em Washington.
"Nossa indústria nuclear é uma indústria pacífica, o Líder Supremo declarou isso explicitamente em sua fatwa (...). Mas se um gato está encurralado, pode se comportar de forma diferente do que faria um gato livre", disse Alavi na televisão estatal em 8 de fevereiro.
As relações entre Irã e Estados Unidos continuam tensas devido ao acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, assinado em Viena em 2015.
Em resposta à saída unilateral dos Estados Unidos desse pacto em 2018, o Irã deixou de cumprir progressivamente desde 2019 muitos dos limites que concordou em impor ao seu programa nuclear em troca de um alívio das sanções internacionais.
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