Regras mais duras para quem chega de países como o Brasil entraram em vigor no Reino Unido nesta segunda-feira (15).
Todos os cidadãos britânicos e irlandeses e residentes do Reino Unido que chegarem à Inglaterra depois de estar em um país com alto risco de covid-19 agora precisam ficar em quarentena em hotéis.
A "lista vermelha" de 33 países inclui Portugal, Brasil e África do Sul.
Os novos regulamentos, que visam impedir a entrada de variantes da covid-19 no país, aplicam-se a quem estiver em um desses locais nos últimos 10 dias.
Os viajantes terão que pré-reservar e pagar £1.750 (R$ 13 mil) para passar 10 dias em quarentena em hotéis autorizados pelo governo.
O valor cobre o custo do hotel, transporte e teste.
Matt Hancock, secretário de saúde (cargo equivalente ao de ministro no Brasil), disse que o surgimento de novas variantes significa que o governo "deve ir mais longe" com suas restrições de viagens.
O governo diz que fechou acordos com 16 hotéis até agora. Haverá inicialmente 4.963 quartos disponíveis para o novo sistema de quarentena, e outros 58 mil aguardam autorização.
"As regras que entrarem em vigor hoje irão reforçar o sistema de quarentena e fornecer outra camada de segurança contra novas variantes na fronteira", disse Hancock.
O secretário de saúde acrescentou que as medidas são "importantes para proteger o nosso programa de vacinação".
No domingo (14), o governo anunciou que mais de 15 milhões de pessoas no Reino Unido receberam sua primeira injeção de coronavírus, no que o primeiro-ministro descreveu como um "marco significativo".
Enquanto isso, todos os viajantes que chegam à Escócia vindos do exterior por via aérea — em vez de apenas aqueles dos 33 países de "alto risco" — agora vão ter que se hospedar em hotéis para a quarentena obrigatória.
Pessoas viajando de países da lista vermelha para o País de Gales e Irlanda do Norte serão obrigadas a reservar e pagar pela quarentena na Inglaterra, já que nenhum dos destinos possui voos internacionais diretos.
Qualquer passageiro que precise ficar em um hotel de quarentena na Inglaterra precisa reservar um quarto online com antecedência usando um portal do governo.
A taxa adicional para um adulto extra ou uma criança com mais de 12 anos é de £ 650 e para uma criança de cinco a 12 anos é de £ 325.
Aqueles que tentarem burlar o sistema podem ter que pagar multas que vão de £ 5 mil a £ 10 mil (R$ 37 mil a R$ 75 mil), enquanto qualquer pessoa que mentir em seu formulário de localização de passageiros por ter estado em um país na lista vermelha pode pegar uma pena de prisão de até 10 anos.
Um novo regime de testes para todos os viajantes que chegam à Inglaterra também foi iniciado, com dois testes necessários durante o processo de quarentena.
Os viajantes serão obrigados a fazer um teste nos dias dois e oito do período de quarentena de 10 dias, estejam eles isolados em casa ou em um hotel. Os testes, conduzidos pelo NHS Test and Trace, custarão aos viajantes £ 210 (R$ 1,6 mil).
Aqueles que não fizerem os testes podem ter que pagar uma multa de £ 2 mil.
No domingo, o governo disse que outras 258 pessoas morreram no Reino Unido em 28 dias após testarem positivo para covid-19, elevando o total para 117.166. Houve outros 10.972 casos confirmados.
O aeroporto de Heathrow, em Londres, o principal do Reino Unido, alertou no domingo que os viajantes podem enfrentar voos suspensos e longas filas na fronteira.
Em nota, a administradora do aeroporto informou que "filas na fronteira nos últimos dias de quase cinco horas são totalmente inaceitáveis".
Foi o que aconteceu com vários brasileiros que chegaram ao Reino Unido nos últimos dias. Muitos anteciparam seus voos de volta para esquivar-se da quarentena obrigatória em hotéis, como mostrou a BBC News Brasil.
O governo disse que está trabalhando em estreita colaboração com aeroportos e hotéis para gerenciar quaisquer problemas que possam surgir.
Heathrow é um dos cinco na Inglaterra onde as pessoas que precisam de quarentena de hotel podem entrar no Reino Unido e deve receber o maior número de passageiros.
Os outros quatro são Gatwick, London City, Birmingham e Farnborough.
Na sexta-feira, o sindicato que representa os agentes de imigração disse que seus membros ainda não haviam recebido orientação sobre como o sistema funcionaria.
A entidade disse que as autoridades ainda não sabiam que níveis de fiscalização deveriam implementar nos viajantes.
Também levantou preocupações sobre a segurança das salas de segurança.
E o sindicato GMB, que reúne profissionais de diversas áreas, advertiu que os planos governamentais "apressados" não são completos o suficiente para garantir que os trabalhadores na linha de frente em hotéis de quarentena estejam protegidos.
O sindicato disse que os guardas de segurança foram uma das ocupações mais atingidas pelas mortes por covid-19, acrescentando que deseja se reunir com os empregadores para desenvolver uma estratégia para proteger melhor os trabalhadores.
Anunciando as medidas mais duras da Escócia, que se aplicam a chegadas de todos os países, o secretário de Transporte da Escócia, Michael Matheson, disse que a "abordagem direcionada e reativa" do governo do Reino Unido "não é mais suficiente" para lidar com a ameaça do coronavírus.
E o primeiro-ministro do País de Gales, Mark Drakeford, disse que também queria ver "um conjunto mais forte de defesas em nossas fronteiras" e que as medidas do governo do Reino Unido eram "o mínimo do que precisa ser feito".
Os viajantes que chegam ao Reino Unido por qualquer via (aérea, marítima ou terrestre) já precisavam apresentar o resultado negativo para covid-19 para poder entrar no país.
O teste deve ser feito nas 72 horas antes da viagem, e quem chegar sem um pode ser multado em até £ 500, com os oficiais de imigração realizando verificações no local.
Os viajantes também devem fornecer detalhes como telefone de contato e endereço no Reino Unido. Eles podem então viajar — de transporte público se necessário — para o lugar onde planejam se isolar.
Todos os viajantes — incluindo cidadãos britânicos — devem se isolar por 10 dias quando chegarem ao Reino Unido.
Pelas novas regras, as pessoas só devem viajar para o exterior por motivos essenciais. O mesmo se aplica a viagens domésticas e incluem:
- Trabalho que não pode ser feito de casa
- Consultas médicas
- Razões educacionais
As pessoas que deixarem a Inglaterra em breve terão que fazer uma declaração sobre o motivo da viagem, que será verificada pelas transportadoras antes da partida.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.