O professor de física Alexei Alexeyev foi demitido em 9 de fevereiro, após ter participado de manifestações na Sibéria em apoio ao ativista preso Alexei Navalny.
“Agora vai ser difícil encontrar emprego em instituições públicas devido ao motivo da minha demissão”, disse ele por telefone de Novosibirsk, a terceira maior cidade da Rússia.
Segundo o professor, seus superiores o censuram por ter defendido diante de seus alunos as manifestações não autorizadas de 23 e 31 de janeiro a favor de Navalny, que neste sábado (20/2) viu sua pena de dois anos e oito meses de prisão confirmada em recurso.
"Nunca discuti política com meus alunos. Sei que é preciso ter muito cuidado. Quando (os alunos) me perguntaram se eu apoiava Navalny, respondi: 'Aprenda a pensar por si mesmo'”, disse o professor de 38 anos.
De acordo com o processo consultado pela AFP, Alexeyev foi despedido por "incumprimento repetido e injustificado das suas obrigações profissionais". A autoridade local da Educação não respondeu ao pedido da AFP por mais detalhes sobre o caso.
Os protestos organizados desde o final de janeiro a favor do ferrenho inimigo do Kremlin foram duramente reprimidos com mais de 11.000 prisões, multas, detenções e cerca de 100 processos que podem terminar com penas importantes.
Além disso, houve demissões punitivas e renúncias forçadas, especialmente entre funcionários públicos.
O professor Alexei Alexeyev explica que compartilhou na rede social Vkontakte, o equivalente russo do Facebook, uma foto sua em uma manifestação, o endereço da associação OVD-Info, que ajuda os manifestantes presos, e a investigação anticorrupção de Navalny contra o presidente russo, Vladimir Putin.
Segundo ele, essas publicações foram levadas à direção do centro educacional.
Registros, prisão, demissão
A milhares de quilômetros de distância, Alexandre Riabtshuk foi forçado a renunciar na escola pública de Rostov-on-Don, no sudoeste da Rússia, onde lecionou história por 7 anos.
"A direção me pediu para apagar minhas postagens no Instagram nas quais apoiei a oposição", disse. “Mas recusei. Preferi defender os meus princípios a salvar a minha carreira (...) Nas minhas aulas sobre a Grécia Antiga falo de democracia. Acredito na ideia do dever cívico e quero aplicar o que ensino", diz.
Em seu arquivo pessoal, consta que o contrato terminou por sua vontade. Mas o professor afirma que foi forçado depois que as forças de segurança revistaram sua casa e ele foi preso por cinco dias por participar de uma manifestação não autorizada.
O Ministério da Educação regional também não respondeu ao pedido de informação da AFP sobre o caso.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.