O Ministério da Saúde da Argentina ganhou ontem novo comando, um dia após a saída de Ginés González García, que renunciou ao cargo após a revelação de que alguns de seus amigos próximos foram vacinados contra a covid-19 de forma irregular. Em uma transmissão breve nos canais de televisão locais, o presidente Alberto Fernández empossou Carla Vizzotti como a nova chefe da pasta.
O escândalo da imunização privilegiada estourou depois que o jornalista Horacio Verbitsky declarou, em um programa de rádio, que, graças à longa amizade com o agora ex-ministro, conseguiu se vacinar no gabinete do ministério. O anúncio desencadeou uma onda de reações nas redes sociais com a hashtag #vacunasvip (vacinas vip, em português).
Logo em seguida, o presidente argentino solicitou a demissão imediata do ministro de 75 anos, que esteve à frente da pasta também durante o governo de Néstor Kirchner. “Respondendo a seu pedido expresso, apresento-lhe minha renúncia ao cargo de ministro da Saúde”, escreveu González García em carta enviada ao presidente na última sexta-feira.
Além de Verbitsky, outras pessoas próximas ao governo se vacinaram no Ministério da Saúde, segundo a imprensa local. O Ministério Público, por meio da Procuradoria de Investigações Administrativas (PIA), abriu um inquérito para apurar essas irregularidades.
Carla Vizzotti tem 48 anos e é especialista em medicina clínica. Ela ocupava o cargo de secretária de Acesso à Saúde, função em que se destacou ao obter a vacina russa Sputnik V para a Argentina. Assumirá a pasta com o desafio de conter a pandemia em um país com cerca de 44 milhões de habitantes e que acumula mais de 2 milhões de casos de covid-19 e 51 mil mortes.
A revelação da lista vip de vacinação se deu no mesmo dia em que a cidade de Buenos Aires disponibilizou a solicitação de agendamentos on-line para a imunização de pessoas com mais de 80 anos, que terá início amanhã. A procura foi tão grande que o sistema entrou em colapso minutos após o início do funcionamento.
Até o momento, o país recebeu 1,22 milhão de doses das vacinas Sputnik V e 580 mil, da Covishield, imunizante do Instituto Serum, da Índia. O presidente Fernández e a vice-presidente, Cristina Kirchner, ambos na casa dos 60 anos, foram vacinados diante das câmeras para transmitir confiança na vacinação.
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