O Conselho de Segurança da ONU fará, nesta terça-feira (23/2), uma cúpula de líderes mundiais para debater as implicações da mudança climática para a paz mundial - um tema sobre o qual seus 15 membros têm opiniões divergentes.
Convocada pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a sessão será realizada por videoconferência e acontece poucos dias depois de os Estados Unidos do governo Joe Biden terem voltado, formalmente, ao Acordo de Paris sobre o Clima.
Johnson, cujo país agora detém a presidência rotativa do Conselho de Segurança, falará no fórum, assim como o responsável americano pelo Clima, John Kerry; o presidente francês, Emmanuel Macron; o ministro chinês das Relações Exteriores; Wang Yi; e primeiros-ministros de Irlanda, Vietnã, Noruega e outros países, disseram fontes diplomáticas.
A reunião servirá como um teste para as relações entre Estados Unidos e China, comentou um embaixador da ONU que pediu para não ser identificado, referindo-se a uma das poucas questões em que as duas grandes potências poderão estar de acordo.
"Vamos observar como os chineses se posicionam em relação aos americanos", disse esta fonte consultada pela AFP.
"Antes, sabia-se de antemão que os russos e os chineses diriam imediatamente que (a mudança climática) 'não tem nada a ver' com os assuntos do Conselho", afirmou.
Hoje, porém, "os chineses são mais propensos a estarem ligeiramente abertos a essa discussão", o que "deixa os russos bastante sozinhos".
Moscou não vê a mudança climática como um tema global que deva ser abordado pelo Conselho de Segurança e prefere tratar dessas questões caso a caso, disseram diplomatas à AFP.
A reunião de terça-feira "se concentrará nos aspectos de segurança da mudança climática", apontou um outro embaixador, também sob a condição de anonimato.
Alguns membros não permanentes do Conselho, como Quênia e Níger, expressaram claramente suas preocupações com o impacto das mudanças climáticas na segurança nacional.
Outros não querem "transformar o Conselho de Segurança em outro órgão que se ocupa apenas de questões mais amplas em torno de finanças, adaptação, mitigação e negociações", explicou o segundo embaixador.
"Tanto China quanto Rússia, mas não apenas eles, são reagentes a que o Conselho de Segurança discuta sobre a mudança climática e suas implicações", disse um terceiro embaixador, que descartou a possibilidade de que o organismo da ONU adote uma declaração conjunta neste momento.
"China e Rússia acham que não tem a ver com paz e segurança", apontou o embaixador. "E não querem que o Conselho de Segurança tome decisões sobre opções econômicas", completou.
Temas como "desertificação, movimentação populacional e competição pelo acesso a recursos" estão ligadas ao aquecimento global e, portanto, têm a ver com segurança, defendeu outro diplomata.
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