Conflito

Embaixador italiano morre em ataque na República Democrática do Congo

O presidente italiano, Sergio Mattarella, chamou de "covarde" o ataque e o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, que estava em Bruxelas, anunciou o retorno imediato a Roma para acompanhar o caso

Agência France-Presse
postado em 22/02/2021 11:46
 (crédito: ALEXIS HUGUET / AFP)
(crédito: ALEXIS HUGUET / AFP)

Goma, RD Congo - O embaixador da Itália em Kinshasa morreu nesta segunda-feira (22) depois de ser atingido por tiros em um ataque contra o comboio do Programa Mundial de Alimentos (PMA), durante uma visita à região de Goma, leste da República Democrática do Congo (RDC), informaram fontes diplomáticas.

O embaixador Luca Attanasio "morreu em consequência dos ferimentos", declarou à AFP uma fonte diplomática de primeiro escalão em Kinshasa.

A Itália confirmou a morte de Attanasio, de 43 anos, e que estava no posto desde o início de 2018.

O presidente italiano, Sergio Mattarella, chamou de "covarde" o ataque e o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, que estava em Bruxelas, anunciou o retorno imediato a Roma para acompanhar o caso.

"Com profunda dor, o ministério das Relações Exteriores confirma a morte, hoje em Goma, do embaixador italiano e de um policial italiano, que integravam um comboio da missão pacificadora da ONU chamada MONUSCO.

Outras duas pessoas morreram no ataque, informou à AFP o major Guillaume Djike, porta-voz do exército na região de Kivu do Norte, sem revelar as identidades das vítimas.

Estas vítimas seriam o motorista e o segurança do embaixador, de acordo com várias fontes.

Gravemente "ferido por um tiro no abdômen", o embaixador foi levado para um hospital de Goma "em estado crítico", disse a fonte diplomática à AFP.

"As Forças Armadas congolesas estão na região para encontrar os criminosos", anunciou o exército.

O ataque contra o comboio do PMA aconteceu ao norte de Goma, a cidade mais importante da província de Kivu do Norte, cenário de atos de violência de grupos armados há mais de 25 anos.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse estar "chocado com o ataque ao comboio" e com "as vidas perdidas". "A UE estará ao lado da RDC e de seu povo" pela "segurança e paz", acrescentou Michel no Twitter.

Luca Attanasio é o segundo embaixador europeu em exercício a ser morto a tiros na RDC, depois do francês Philippe Bernard, em 28 de janeiro de 1993, nos distúrbios que levaram aos saques em Kinshasa.

Attanasio iniciou sua carreira diplomática no final de 2003, após estudar comércio na Universidade Luigi Bocconi de Milão. Ele começou na Diretoria de Assuntos Econômicos antes de trabalhar em questões africanas e cooperação internacional.

No exterior, foi nomeado primeiro chefe do setor econômico e comercial da embaixada em Berna (2006-2010) e depois cônsul geral em Casablanca (2010-2013).

Depois de uma passagem por Roma, tornou-se conselheiro da embaixada italiana na Nigéria em 2015 e dois anos depois foi transferido para a RDCongo.

Perto do local do ataque estão os feudos dos grupos armados FDLR (Rebelião Hutu Ruandesa) e das milícias hutu congolesas Nyatura. Rebeldes congoleses do grupo M-23 também estão na área, de acordo com um especialista do barômetro de segurança de Kivu.

A região abriga o parque nacional de Virginia, joia turística ameaçada, onde pelo menos 200 guardas florestais foram vítimas nos últimos anos de emboscadas por grupos armados no exercício de suas funções.

Os grupos armados afirmam defender suas comunidades, mas muitas vezes disputam o controle de suas riquezas naturais em minerais e madeira.

 

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