Em clima de crescente tensão com Nicolás Maduro, o Conselho Europeu declarou persona non grata a representante da Venezuela, Claudia Salerno, na União Europeia. Foi uma reação à decisão de Caracas de expulsar a embaixadora do bloco, Isabel Brilhante, do país, motivada por sanções aplicadas a funcionários venezuelanos.
Em nota, o bloco considerou a decisão venezuelana, anunciada na véspera pelo chanceler Jorge Arreza, injustificada e “contrária ao objetivo da UE de desenvolver relações e construir vínculos em países terceiros”. Para a porta-voz da diplomacia dos EUA, a iniciativa de Caracas agrava a situação do regime chavista no cenário internacional. “Tudo o que essa ação faz é isolar o regime de Maduro”, disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price.
A decisão de retaliar Caracas com medida equivalente partiu do chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrell. O comunicado do Conselho Europeu, porém, não faz qualquer menção à expulsão de Salerno do continente nem se houve algum tipo de anúncio formal à representação diplomática.
Isso acontece porque, na prática, a UE não pode expulsar Claudia Salerno do território europeu, já que a decisão cabe exclusivamente ao país hóspede. Além de ser a representante da Venezuela na UE, Salerno é também credenciada como embaixadora do país na Bélgica e em Luxemburgo.
A nova escalada de tensões entre Bruxelas e Caracas surgiu após os chanceleres europeus decidirem, na segunda-feira, adicionar 19 funcionários venezuelanos à lista de pessoas que devem receber sanções por “minar a democracia”. Com a medida, o número de funcionários venezuelanos alvo da UE subiu para 55.
A UE não reconhece os resultados das eleições legislativas realizadas na Venezuela em dezembro e, portanto, não vê legitimidade na Assembleia Nacional que surgiu dessas eleições, agora, controlada pelas forças que apoiam Nicolás Maduro.
Em junho do ano passado, Borrell chegou a enviar emissários ao país para negociar o adiamento das eleições legislativas, realizada em novembro, para permitir que a UE enviasse uma missão de observação eleitoral. No entanto, o esforço não rendeu frutos e as eleições ocorreram, com o boicote de parte significativa da oposição venezuelana.
Ainda na quarta-feira, logo após o anúncio de Arreza, uma porta-voz de Borrell havia pedido que a Venezuela revertesse a expulsão da embaixadora Brilhante. Não houve qualquer sinalização por parte de Caracas, o que motivou a represália.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.