Vaticano

Francisco acredita que morrerá em Roma enquanto Papa e que não retornará à Argentina

A declaração está no livro 'A Saúde dos Papa', que teve trechos antecipados neste sábado

Agência France-Presse
postado em 27/02/2021 17:59 / atualizado em 27/02/2021 18:05
 (crédito: Handout / VATICAN MEDIA / AFP)
(crédito: Handout / VATICAN MEDIA / AFP)

O Papa Francisco acredita que morrerá em Roma durante seu papado e que não voltará a viver na Argentina, seu país natal, segundo entrevista incluída no livro A Saúde dos Papas, que teve trechos antecipados neste sábado pelo jornal La Nación, de Buenos Aires.

Durante um encontro com o jornalista e médico argentino Nelson Castro que teve lugar no Vaticano em fevereiro de 2019, o Papa garantiu que pensa na morte, mas que não a teme. Perguntado como imagina a própria morte, Francisco respondeu: "Sendo Papa, seja em exercício ou emérito. E em Roma. À Argentina não retorno".

Com essa resposta, ele conclui o livro A Saúde dos Papas. Medicina, Complôs e Fé. De Leão XIII a Francisco, que chegará às livrarias na próxima segunda-feira (1º/3) na Argentina. "É um livro histórico, atemporal e único. Histórico porque tudo que se conta é certo e documentado; atemporal porque é uma história que supera qualquer ficção, e único porque, pela primeira vez, um Papa fala de sua saúde com a clareza de Francisco", declarou o autor.

Durante a entrevista, Francisco, nome que ganhou quando foi eleito Papa, em 2013, disse que não sente falta de seu país. "Não, não sinto. Vivi lá por 76 anos. O que me aflinge são seus problemas", disse o pontífice, de 84 anos. Ao se referir a episódios de sua saúde, esclareceu que não lhe falta um pulmão, mas que, em 1957, foi operado para a retirada do lóbulo superior do pulmão direito, onde tinha três cistos. O quadro não deixou sequelas. “A recuperação foi completa e nunca senti qualquer limitação nas minhas atividades.”

Nascido na Argentina, considerado um dos países com maior proporção de psicólogos e psicanalistas por habitante, Francisco contou que acolheu uma psiquiatra durante a ditadura (1976-1983), quando era membro dos jesuítas e teve que "levar gente escondida para tirá-las do país e salvar suas vidas".

"Durante seis meses, me consultei com ela uma vez por semana", revelou o Papa. “Isso me ajudou a me posicionar em termos de como lidar com os medos daquela época. Imagine você como era levar uma pessoa escondida no carro e passar por três postos de controle militar na área do Campo de Mayo [ndr: maior quartel militar argentino]. A tensão que isso gerava em mim era enorme."

Francisco também falou sobre suas neuroses, as quais descreveu como frutos da ansiedade e da tristeza. "As neuroses devem ser alimentadas com mate. Não apenas isso, deve-se tratá-las com carinho também. São companheiras da pessoa durante toda a sua vida", comentou.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação