Diplomacia

UE amplia lista de venezuelanos com restrições nos países do bloco

A decisão afeta, entre outros, o comandante de polícia Remigio Ceballos, o governador do estado de Zulia, Omar José Prieto, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Indira Alfonzo, e dois deputados da Assembleia Nacional

Bruxelas, Bélgica - Os ministros europeus das Relações Exteriores acrescentaram, nesta segunda-feira (22), 19 funcionários venezuelanos à lista de sancionados e chegaram a um acordo político para uma tímida rodada de medidas restritivas contra quatro funcionários russos pelo processo judicial contra o opositor Alexei Navalny.

No caso da Venezuela, é a quinta rodada de medidas restritivas adotadas pela UE.

"Em vista da grave situação que persiste na Venezuela", concluíram que "19 pessoas devem ser incluídas na lista de pessoas físicas e jurídicas, entidades e organismos submetidas a medidas restritivas”.

Com a medida, agora 55 venezuelanos são objetos de sanções da UE.

A decisão afeta, entre outros, o comandante de polícia Remigio Ceballos, o governador do estado de Zulia, Omar José Prieto, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Indira Alfonzo, e dois deputados da Assembleia Nacional.

"As pessoas adicionadas à lista são responsáveis, em particular, por minar os direitos eleitorais da oposição e o funcionamento democrático da Assembleia Nacional, e por graves violações dos direitos humanos e restrições das liberdades fundamentais", afirmaram os ministros das Relações Exteriores da UE em um comunicado.

A UE não reconhece o resultado das eleições legislativas organizadas em dezembro na Venezuela, que abriram o caminho para que o partido no poder, do presidente Nicolás Maduro, recuperasse a maioria na Assembleia Nacional.

Ao não reconhecer o resultado das eleições, a UE tampouco reconhece a legitimidade da Assembleia.

Acordo sobre a Rússia

Esta decisão foi adotada no início de uma reunião em Bruxelas na qual os ministros negociaram um acordo político para apoiar também uma nova rodada de sanções contra funcionários russos, baseadas em um regime global de sanções por violações dos direitos humanos.

De acordo com os diplomatas consultados pela AFP, eles decidiram sancionar quatro alto funcionários russos pela prisão e condenação de Navalny, além da repressão aos protestos.

Esta nova rodada de sanções contra a Rússia foi alvo de negociações por várias semanas e se fortaleceu depois da prisão e condenação de Navalny.

A agenda dos ministros europeus incluía também os passos para evitar o colapso do acordo multipartidário com o Irã pela sua política nuclear e a situação em Hong Kong. O novo secretário americano de Estado, Anthony Blinken, planeja participar de parte das negociações com seus pares europeus por videoconferência.

Rota de confronto

Até o momento, não se sabe os nomes dos funcionários russos que serão incluídos na lista de sancionados, embora o gesto deverá frustrar os que pediam um gesto de firmeza contra Moscou.

Dois importantes membros da equipe de Navalny mantiveram reuniões na última semana em Bruxelas para pedir um forte pacote de sanções contra os milionários próximos ao governo do presidente Vladimir Putin.

No entanto, ao chegar em Bruxelas nesta segunda-feira, os diplomatas admitiram dificuldades em adotar medidas restritivas contra os denominados "oligarcas" russos sem poder apresentar provas de sua responsabilidade na situação de Navalny.

Uma fonte diplomática confiou à AFP que as sanções acordadas serão "específicas, proporcionais e fundadas juridicamente".

Nesta segunda-feira, o chefe da diplomacia europeia Joseph Borrell apontou que "está claro que a Rússia está em uma rota de confronto com a UE" e isso requer uma resposta "unida e determinada" por parte do bloco.

Por sua vez, a chefe da diplomacia espanhola, Arancha González, afirmou que "a relação entre a UE e a Rússia está se deteriorando, assim como a situação na Rússia. A UE não pode ficar impassível. Vamos reagir com unidade".

Nesta segunda-feira, os ministros europeus também alertaram que a UE está "pronta" pra adotar sanções contra os responsáveis pelo golpe de Estado em Mianmar.