Mianmar

Repressão sangrenta a protestos: 38 mortos

Correio Braziliense
postado em 03/03/2021 20:01
 (crédito: AFP )
(crédito: AFP )

No dia de maior violência na repressão aos protestos que se multiplicam em Mianmar desde o golpe de Estado, há um mês, ao menos 38 manifestantes pró-democracia morreram, ontem, em ações das forças de segurança birmanesas. Alheios às críticas da comunidade internacional, os militares continuam usando munição letal para conter a mobilização popular.

Diante do agravamento da situação, a emissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Mianmar, Christine Schraner Burgener, pediu que ações enérgicas sejam tomadas para reversão desse cenário. “Tive uma discussão com o Exército e os alertei de que os Estados-membros e o Conselho de Segurança poderiam tomar medidas amplas e drásticas”, declarou Burgener, em uma videoconferência, classificando ontem como o dia “mais sangrento” desde o golpe de 1º de fevereiro.

A pedido do Reino Unido, o Conselho de Segurança da ONU volta a discutir a a situação de Mianmar amanhã. Dias depois do golpe, os 15 países membros do conselho expressaram inquietação com a situação, mas sem condenar o golpe de Estado, pois China e Rússia são apoios tradicionais do exército birmanês e não aceitaram a menção no texto.

Depois do uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha, as forças de segurança, mais uma vez, recorreram a armas de fogo para dispersar as concentrações de opositores na capital econômica, Yangon. O mesmofoi registrado em várias cidades, como Monywa, Mandalay e Myingyan. “Temos agora mais de 50 mortos desde o início do golpe e vários feridos”, declarou a autoridade, na Suíça, onde mora.

Sobre a visita à Mianmar, que a ONU solicita desde a deposição de Win Myint da Presidência, emissária relatou ter recebido, como resposta da junta militar, a informação de que ela seria bem-vinda, mas “não agora”, pois alguns problemas precisam ser resolvidos antes.

Os Estados Unidos classificaram a ação militar como uma “violência atroz” e disseram que estão “horrorizados” coma situação. O porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, advertiu que o governo de Joe Biden a adoção de sanções para que os militares “prestem contas” do que está acontecendo no país.
Vídeos publicados, ontem, nas redes sociais mostram jovens cobertos de sangue, explosões e gritos de manifestantes: “Nossa revolta deve vencer!” Com o bloqueio da internet, um reforço do arsenal repressivo e ondas de prisões, a junta militar está determinada a sufocar seus detratores, mas o movimento popular não recua e exige a saída dos generais.

Em Yangon, onde seis manifestantes foram mortos ontem. Pelo menos 11 morreram em quatro cidades centrais, incluindo dois em Mandalay e sete em Monywa, de acordo com fontes médicas.
A repressão também continua na Justiça. O presiente deposto, que já havia sido denunciado por desrespeito a restrições vinculadas à pandemia, foi acusado, agora, de violar a Constituição, informou seu advogado Khin Maung Zaw. A Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, ex-chefe de fato do governo, que continua detida em um local secreto, enfrenta quatro acusações, incluindo “incitação a desordens públicas”.

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