Em um breve comunicado, o Palácio de Buckingham quebrou o silêncio sobre as acusações de racismo, hostilidades e falta de apoio, feitas por Meghan Markle, que relatou ter até pensado em suicídio, durante a bombástica entrevista dos Sussex à apresentadora Oprah Winfrey. Na nota, a Coroa britânica destacou que as declarações da duquesa e do príncipe Harry são “preocupantes” — especialmente as que tratam das especulações de integrantes da realeza em torno do tom de pele do filho do casal — e que serão levadas “muito a sério”.
A monarquia, porém, ressaltou que o assunto será tratado no âmbito familiar. E vislumbrou a possibilidade de que possa ter ocorrido algum mal-entendido sobre o episódio. “A família inteira ficou triste ao saber como os últimos anos foram difíceis para Harry e para a Meghan”, lamentou o comunicado. “As questões levantadas, particularmente aquelas relacionadas à raça, são preocupantes. Embora algumas memórias possam variar, elas são levadas muito a sério e serão tratadas pela família em particular”, acrescentou.
O texto indica ainda que a rainha Elizabeth II está “entristecida” pelas dificuldades dos dois e expressou seu amor por eles. “Harry, Meghan e Archie sempre serão membros muito amados da família”, concluiu a nota.
Horas antes, na primeira aparição pública de um integrante da família real após a bombástica entrevista, o príncipe Charles negou-se a comentar as declarações do filho e da nora. Naquele momento, havia sinais de que Buckingham estava debruçada sobre o assunto. A rede BBC informava sobre reuniões de crise estavam ocorrendo desde que o programa foi transmitido nos Estados Unidos, domingo à noite. A Coroa calculava a melhor forma de se manifestar.
Primeiro na linha sucessória ao trono, Charles visitava um centro de vacinação, em Londres, quando foi confrontado pela imprensa sobre a crise, uma das piores que se abateu sobre a Casa de Windsor nos últimos anos. Ao lado da esposa, Camilla, não respondeu ao ser perguntado sobre comentários racistas que um integrante da família teria feito sobre a cor da pele do neto.
Charles também foi perguntado sobre a declaração de Meghan falta de apoio quando, abalada por perseguição da imprensa e hostilidades na própria realeza, teria chegado a considerar o suicídio. A pedido de Harry, Oprah Winfrey esclareceu que não partiram da rainha Elizabeth II ou de seu marido, o príncipe Phillip, as especulações sobre a cor de pele de Archie.
Divisão
A explosiva entrevista, retransmitida na noite de segunda-feira no Reino Unido, divide a opinião dos britânicos, onde os jovens respaldam muito mais o casal, segundo pesquisa realizada pelo YouGov. De acordo com a sondagem, 36% dos entrevistados disseram apoiar a monarca e a família real, enquanto 22% se posicionaram a favor da ex-atriz americana e do príncipe, sexto na ordem de sucessão ao trono britânico, que vivem há um ano na Califórnia.
O apoio aos duques de Sussex é mais forte entre os jovens de 18 a 24 anos (48%) do que entre os maiores de 65 (9%). Esses últimos são 55% a favor da família real, contra 15% dos mais jovens.
A divisão também é política: 38% dos eleitores do esquerdista Partido Trabalhista veem o casal com bons olhos, contra 15% que preferem a família real. Apenas 8% dos eleitores conservadores estão a favor de Harry e Meghan, enquanto 64% apoiam a Coroa.
A pesquisa do YouGov, realizada com mais de 4.600 pessoas, revelou que 32% das opiniões sobre se o casal recebeu um tratamento justo ou injusto por parte da família real estão empatadas.
Ontem, pelo segundo dia consecutivo, a imprensa britânica deu destaque à repercussão das declarações dos Sussex. “A pior crise real em 85 anos”, manchetou o tabloide Daily Mirror. Por sua vez, o Times estampou: “Palácio em turbulência por causa de acusações de racismo”. O The Sun, por sua vez, voltou-se a saber quem teria feito os comentários sobre a cor de pela de Archie. “Então, quem é o Racista Real?”, questionou o tabloide.
"As questões levantadas, particularmente aquelas relacionadas à raça, são preocupantes. Embora algumas memórias possam variar, elas são levadas muito a sério e serão tratadas pela família em particular”
trecho do comunicado do Palácio de Buckingham
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Pai contesta a duquesa
Em meio à turbulenta repercussão da entrevista dos Sussex, Thomas Markle, pai da duquesa, questionou, ontem, as acusações de racismo feitas por sua filha e pelo príncipe Harry contra a monarquia britânica. Ele disse estar decepcionado com a impactante entrevista concedida pelo casal, Meghan se distanciou antes de seu casamento com o neto da rainha Elizabeth II, em 2018. “Peço desculpas por isso, ao menos 100 vezes”, disse à emissora britânica ITV.
“Não acho que a família real britânica seja racista”, acrescentou o ex-diretor de iluminação da televisão americana, de 76 anos. Thomas Markle admitiu não conhecer nenhum membro da família real britânica, nem mesmo seu genro Harry e o neto Archie, que tem quase 2 anos. Ele não foi ao casamento real. Na época, a ausência foi justificada por problemas de saúde.
Meghan e o pai romperam depois de ele participar no México, onde mora, de uma polêmica sessão de fotos com paparazzi, às vésperas da cerimônia. A duquesa diz ter se sentido “traída” por ele “alimentar a imprensa sensacionalista. Apesar do distanciamento, ele garantiu que “ama” a filha e que gostaria de vê-la novamente.