Numa importante vitória para o início de seu mandato presidencial, o democrata Joe Biden conseguiu a aprovação, ontem, na Câmara de Representantes, a aprovação do gigantesco plano de estímulo de US$ 1,9 trilhão (em torno de R$ 11 trilhões), com o qual pretende contornar a crise econômica e social provocada pela covid. “Esta lei trata de dar à espinha dorsal desta nação — os trabalhadores essenciais, o povo trabalhador que construiu este país, as pessoas que mantêm o país funcionando — uma chance de lutar”, celebrou, em nota, o presidente, que espera sancionar o pacote amanhã.
O plano foi aprovado sem nenhum voto republicano na Câmara baixa, onde os democratas têm maioria. Os adversários políticos de Biden são contrários ao programa de alívio devido ao seu custo alto, que, segundo eles, aumentará o deficit fiscal e a dívida para as futuras gerações.
A nova lei inclui o pagamento de US$ 1,4 mil (pouco mais de R$ 7,9 mil) em ajudas diretas através de cheques para as famílias com renda menor e a extensão da duração do seguro-desemprego até setembro para muitos trabalhadores que iriam perder seus benefícios este mês.
Além de injetar dinheiro na economia e incentivar o consumo — que é o motor do PIB americano —, o pacote tem um caráter social marcante, que inclui auxílios para melhorar o acesso às creches para os mais pobres e fundos de auxílio-moradia para salvar os inquilinos dos despejos.
De acordo com a Casa Branca, a legislação “histórica” pode criar até 7 milhões de novos empregos este ano e vai ajudar a salvar vidas e também a reduzir a pobreza infantil.
Um ano depois do surgimento da pandemia, que provocou uma grave crise econômica que deixou milhões de desempregados, o projeto também contempla fundos para a vacinação.
“É a lei mais importante votada pelo Congresso em várias décadas para ajudar os trabalhadores”, celebrou o senador progressista Bernie Sanders, que disputou as primárias democratas do ano passado. “Finalmente, nosso governo responde ao sofrimento da classe trabalhadora”, acrescentou o parlamentar independente.
Colapso
No ano passado, com a pandemia do coronavírus, a economia americana sofreu um colapso com uma contração de 3,5% do PIB, uma crise sem precedentes desde 1946. Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), o mercado de trabalho voltará ao seu nível anterior à pandemia apenas em 2024, se nenhuma medida de estímulo for aplicada.
“Este é um momento crítico na história de nosso país”, disse a presidente democrata da Câmara, Nancy Pelosi, antes da votação. “A ajuda está a caminho”, acrescentou ela, enquanto a Câmara começava a votar. A Casa Branca espera que a legislação seja enviada ao presidente ainda hoje para promulgação amanhã.
Para os republicanos, o pacote, na verdade, poderá comprometer ainda mais a situação do país. “Isso não é uma lei de resgate, não é uma lei de alívio”, afirmou o líder da minoria da Câmra, Kevin McCarthy. “É uma longa lista de prioridades de esquerda que antecede a pandemia e que não satisfaz as necessidades das famílias americanas”, acrescentou. Para seu correligionário Tom McClintock, trata-se da lei mais de “esquerda” já votada pelo Congresso dos Estados Unidos.
» Procurador-geral é confirmado
O Senado confirmou, ontem, o veterano magistrado Merrick Garland como procurador-geral do governo Joe Biden. Há quatro anos, ele foi vetado pela Câmara Alta como juiz da Suprema Corte americana. O nome de Garland, 68 anos, recebeu os votos de 70 senadores — 30 se opuseram ao candidato da Casa Branca para assumir o Departamento de Justiça. Entre os 20 republicanos que votaram a favor da estava Mitch McConnell, que, em 2016, como líder da bancada da maioria, bloqueou a indicação feita pelo presidente democrata Barack Obama para colocar Garland na Suprema Corte.
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Kerry avança em aliança climática
Washington apresentará seus novos compromissos de financiamento para o Acordo de Paris sobre a redução de emissões de gases estufa antes da cúpula de 22 de abril, que marca o quinto aniversário do pacto. A garantia foi dada ontem pelo enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, após conversa com o ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire.
Kerry está em viagem oficial pela Europa para marcar um novo compromisso na luta contra o aquecimento global da administração de Joe Biden, depois que seu antecessor, Donald Trump, retirou os Estados Unidos do acordo.
“Anunciaremos nosso compromisso na cúpula de 22 de abril ou em algum momento dos dias anteriores”, estimou o enviado especial, em alusão às contribuições nacionalmente determinadas, exigidas aos signatários. Kerry e Le Maire também disseram que vão estudar os esforços para obter financiamento privado para o combate ao aquecimento global, enquanto os governos se esforçam para conseguir os fundos para cumprir o objetivo do acordo.
“Temos que unir crescimento e meio ambiente, e os Estados Unidos compartilham mais uma vez deste objetivo”, disse Le Maire, assinalando: “As finanças são o nervo desta guerra pelo clima”. O pacto tem como meta que a elevação da temperatura do planeta fique abaixo dos 2ºC, e idealmente mais perto do 1,5º C, até 2050.
“O setor privado pode desempenhar o maior papel de todos e avançar mais rápido do que qualquer outra entidade para nos ajudar a alcançar nosso objetivo”, acrescentou Kerry.