Pandemia

Médico que combateu pandemia na Colômbia fica à beira da morte pelo vírus

Medina faz parte de uma equipe de aproximadamente 60 pessoas que se alternam em três turnos diários para atender os mais afetados pela pandemia

Correio Braziliense
postado em 17/03/2021 12:04
 (crédito: DANIEL MUNOZ / AFP)
(crédito: DANIEL MUNOZ / AFP)

Ele viu muitos pacientes morrerem, ajudou a salvar outros, contraiu o coronavírus, foi paciente grave e dooou plasma. Antes de receber a vacina, o médico colombiano Norberto Medina atravessou o tortuoso caminho da pandemia e ficou à beira da morte.

Ainda afetado por uma alteração hormonal associada ao vírus, este médico de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de 41 anos voltou a aliviar as dores dos pacientes em uma UTI de Bogotá, o maior foco de infecção do país.

A AFP acompanhou Medina por alguns períodos do ano em que ele precisou se separar da família e conhecer a solidão dos moribundos, como diria o sociólogo Norbert Elias.

Fadiga 

Medina faz parte de uma equipe de aproximadamente 60 pessoas que se alternam em três turnos diários para atender os mais afetados pela pandemia.

A Colômbia viveu duas ondas de covid-19. Hoje é o segundo país com mais casos da América Latina (2,3 milhões) e o terceiro com maior número de mortes (61.243).

Nos períodos mais graves, os poucos médicos que não se infectaram com o vírus dobraram seus turnos, enquanto a "frustração" reinava.

Foi nesse momento que Medina assumiu "o primeiro golpe" para proteger sua família. Junto com sua esposa, médica de emergências, decidiu se separar de seus filhos de um, oito e dez anos. Os avós se encarregaram das crianças enquanto eles enfrentavam a pandemia na linha de frente.

Ela teve sintomas leves, mas Medina começou a piorar no 11º dia. Dificuldade para respirar, febre, "angústia". Seu antecedente de asma os preocupava.

"Numa manhã eu acordei e disse à minha esposa 'não aguento mais'", conta Medina. Ele pegou o carro e dirigiu sozinho até o hospital mais próximo. Diagnóstico: pneumonia associada ao SARS-CoV-2, internação imediata na UTI.

"Quando recebi essa notícia, saí do papel de médico e entrei no papel de paciente", afirma. Os médicos decidiram intubá-lo, mas ele se negou e optou por tratamentos alternativos. Para sua mulher, foram momentos de "ansiedade".

A doença diminuiu pouco a pouco. Ele recebeu alta depois de 15 dias internado, embora continuasse indisposto. Em casa, os sintomas foram desaparecendo, mas as sequelas permaneceram.

Em agosto, ainda convalescente com uma dispneia que o impedia de respirar, Medina doou plasma sanguíneo, um tratamento com anticorpos de quem sofreu quadros graves da doença para ajudar pacientes infectados.

A essa altura, ele já havia retornado ao hospital para trabalhar. Em fevereiro deste ano, finalmente foi vacinado e agora diz que trabalha "mais relaxado". Medina quis ser médico desde os dez anos, conta ele. Estudou mais de uma década e planeja continuar se especializando em infectologia. A pandemia tirou dele vários colegas, mas não sua "vocação".

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