Acordo

Joe Biden alerta que EUA pode não cumprir o prazo para sair do Afeganistão

Os Estados Unidos devem completar a retirada de todas as suas tropas em virtude de um acordo histórico alcançado em fevereiro de 2020 com os talibãs

Agência France-Presse
postado em 17/03/2021 23:05
 (crédito: Erin Scott-Pool / Getty Images / AFP)
(crédito: Erin Scott-Pool / Getty Images / AFP)

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, advertiu que uma retirada de todas as tropas americanas do Afeganistão até 1º de maio, como está previsto em um acordo com os talibãs, é possível, mas também "difícil".

Os Estados Unidos devem completar a retirada de todas as suas tropas em virtude de um acordo histórico alcançado em fevereiro de 2020 e pelo qual os talibãs também aceitaram empreender negociações de paz com o governo do presidente afegão Abdul Ghani.

"Pode acontecer, mas é difícil", disse Biden em uma entrevista exibida nesta quarta-feira pelo canal ABC.

"Estou no processo de tomar uma decisão agora sobre quando eles partirão", disse o presidente, que criticou seu antecessor Donald Trump.

"O fato é que não foi um acordo negociado de forma muito sólida pelo ex-presidente", afirmou.

"O fracasso em ter uma transição ordenada da presidência de Trump para a minha presidência, o que geralmente acontece entre o dia da eleição e a data da posse, custou tempo e consequências".

Compartilhar o poder?

Sob o acordo alcançado em fevereiro de 2020, os talibãs também prometeram não permitir que o Afeganistão fosse usado por "terroristas", o objetivo original da invasão americana após os atentados de 11 de setembro de 2001.

No entanto, as supostas negociações de paz realizadas no Catar desde setembro avançaram pouco.

Washington quer impulsionar o processo e conseguir que os talibãs e o governo afegão aceitem alguma forma de compartilhamento de poder.

Os principais centros urbanos do Afeganistão estão sofrendo uma campanha terrorista cada vez mais intensa em forma de atentados mortais contra políticos, funcionários, acadêmicos, ativistas de direitos e jornalistas.

Os talibãs negam qualquer responsabilidade, mas o governo diz que eles são os culpados.

A Rússia sediará nesta quinta-feira uma conferência com delegações de autoridades dos talibãs e do governo afegão, assim como dos Estados Unidos, Paquistão e China.

Nas negociações, os insurgentes estarão liderados pelo co-fundador e líder adjunto do Talibã, o mulá Abdul Ghani Baradar, enquanto a parte governamental afegã está liderada pelo ex-chefe do Executivo Abdullah Abdullah.

O Paquistão, que exerce a maior influência externa sobre os talibãs, está representado pelo diplomata veterano Mohammed Sadiq, enquanto os Estados Unidos mandaram Zalmy Khalizaid, enviado afegão há muito tempo.

Na véspera da conferência, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, nomeou o veterano diplomata francês Jean Arnault como seu enviado pessoal ao Afeganistão e região.

Os analistas sugerem que eles podem chegar a um compromisso que favoreça os Estados Unidos, no qual Washington diria que cumpriu com suas obrigações e deixaria alguns especialistas americanos vinculados às forças afegãs na função de fornecer assessoria.

Uma saída completa das tropas americanas - dada a vital cobertura aérea que as forças terrestres afegãs proporcionam - afrouxaria ainda mais o tênue controle de Cabul sobre o terreno.

Trump, que chamou o conflito de "guerra interminável" dos Estados Unidos, reduziu o número de tropas em seus últimos dias de mandato para 2.500, o número mais baixo desde o início das operações há 20 anos.

O Afeganistão sofre a insurgência dos talibãs há duas décadas, quando os militantes islâmicos foram expulsos por uma invasão liderada pelos Estados Unidos em 2001 por abrigarem o grupo terrorista Al-Qaeda.

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