Horas depois de integrantes de seu governo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, respondeu, ontem, durante videoconferência, às declarações do colega americano, Joe Biden, que, entre outras coisas, o havia chamado de assassino. “Eu diria para ele, sem qualquer ironia: te desejo boa saúde”, disse o chefe do Kremlin.
“Aquele que diz é que é. Não é apenas uma expressão infantil, uma piada. O significado é profundo e psicológico. Sempre vemos no outro as nossas próprias características”, declarou o líder russo, reafirmando que Moscou defenderá seus interesses e trabalhará com Washington no que for “vantajoso”.
Analistas internacionais estão apreensivos com a situação. Preveem que esse impasse pode mergulhar a relação entre os dois rivais geopolíticos em uma nova espiral de tensões, apesar de ambas as potências terem manifestado vontade de cooperar em casos de interesse comum.
A despeito do tom irônico de Putin, Moscou não deixou de ressaltar que as afirmações do presidente americano são inaceitáveis. Tanto é que, adotando uma disposição sem precedentes desde 1998, a chancelaria russa convocou seu embaixador nos Estados Unidos para para discutir o futuro da relação “estagnada” entre os dois países. Por enquanto, Washington não pretende convocar seu embaixador em Moscou, segundo apurou a agência de notícias France-Presse.
“As declarações imprudentes de autoridades americanas correm o risco de causar o colapso de relações já conflituosas”, manifestou-se a representação russa em Washington. O Kremlin, por sua vez, denunciou afirmações que mostram que Biden “claramente não quer melhorar as relações com nosso país”.
Na mesma entrevista, embora insistindo que deseja trabalhar com os russos em questões de “interesse mútuo~, Joe Biden, no cargo há dois meses, afirmou que Putin tem que pagar pela interferência nas eleições americanas de 2016 e 2020. O Kremlin rejeita a acusação de ingerência.
As relações entre Moscou e Washington e, em geral, entre o governo russo e países ocidentais vêm se deteriorando há anos, como resultado da anexação da Crimeia, da guerra na Ucrânia, do conflito na Síria e do envenenamento e posterior prisão do opositor russo Alexei Navalny, entre outros assuntos.
Em razão desses descompassos, várias rodadas de sanções e contrassanções foram adotadas contra Moscou. Na quarta-feira, o governo americano anunciou que estenderia as restrições às exportações de produtos sensíveis para a Rússia. Ontem, o grupo de países do G7 denunciou novamente a ocupação da Rússia na Crimeia.
Desde que assumiu a Presidência dos EUA, em 20 de janeiro, Biden tem demonstrado grande firmeza para com a Rússia, em contraste com a conduta de seu antecessor, Donald Trump.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.