Alvo de críticas pela forma “branda” que tem tratado a primeira crise migratória do seu governo, o presidente Joe Biden recorre a um discurso mais incisivo para demonstrar sua capacidade de lidar com a questão. Ontem, ele reforçou que as fronteiras do país estão fechadas, enfatizou o trabalho árduo feito pelo governo para garantir que os migrantes solicitem asilo em seu país de origem e disse que planeja visitar a fronteira com o México “em algum momento”, sem divulgar a data. Chefe do Departamento de Segurança Interna (DHS), Alejandro Mayorkas reforçou a estratégia. Em entrevista aos principais canais de tevê americanos, salientou que as famílias ilegais estão sendo expulsas dos Estados Unidos.
As declarações de Biden foram feitas durante o retorno do seu retiro presidencial na base militar Camp David, na cidade de Maryland. Ao ser questionado sobre o que mais poderia ser feito para convencer as famílias de migrantes a pararem de cruzar a fronteira, o democrata disse: “Muito mais. Estamos no processo de fazer isso agora, incluindo nos certificarmos de restabelecer o que existia antes, que é: eles podem ficar onde estão e defender seu caso em seu país”.
Mensagens anteriores aos migrantes da América Central não agradaram à oposição. “Este não é o momento” de vir aos Estados Unidos”, disse Biden, justificando que reconstruiria o sistema de imigração “desmantelado” pelo ex-presidente Donald Trump. Para os críticos, houve pouca firmeza nas falas do democrata, que é acusado de ser o responsável pelo aumento do número de estrangeiros que chegaram ao país nos últimos meses.
“É muito irresponsável”, disse, ontem, o congressista republicano do Texas Michael McCaul à rede de televisão ABC, acreditando que as declarações do presidente deram aos migrantes a impressão de que eram bem-vindos. Donald Trump também emitiu um comunicado criticando o posicionamento do presidente e reforçando a necessidade de concluir o muro na fronteira com o México, projeto iniciado quando comandava a Casa Branca.
Chefe do DHS, Alejandro Mayorkas deu entrevistas na tentativa de mostrar o empenho do governo em lidar com a questão. “Estamos expulsando famílias, expulsando adultos sozinhos”, afirmou a todos os canais de tevê. O primeiro latino responsável pela política de imigração dos Estados Unidos reconheceu a existência de um fluxo histórico de migrantes em direção ao solo americano em meados de março.
Menores sozinhos
Além da chegada de migrantes, o destino dos menores desacompanhados está no centro da polêmica. Biden prometeu acabar com “uma vergonha moral e nacional” herdada de Trump, referindo-se à separação de milhares de famílias de migrantes. Apesar de os filhos não estarem mais sendo separados dos pais, os EUA se deparam com a chegada de um número significativo de menores desacompanhados.“Tomamos a decisão de não expulsar crianças vulneráveis”, frisou Mayorkas à CNN. O oficial não negou o número atual de 5.200 crianças em centros para adultos nas fronteiras, bem acima do pico registrado na gestão Trump.
Na última sexta-feira, o senador democrata Chris Murphy contou, após visitar um desses centros, que “centenas de crianças” estavam “amontoadas em grandes salas abertas”. “Tive de conter as lágrimas quando uma menina de 13 anos começou a chorar inconsolável, contando como ficou assustada depois de ser separada da avó e de seus pais”, escreveu em seu perfil no Twitter.
Mayorkas declarou que o governo Biden tem se dedicado a lidar com essa situação da melhor forma possível. “Trabalhamos noite e dia para mover essas crianças desses centros na fronteira para abrigos administrados pelo Departamento de Saúde”, ressaltou em entrevista à CNN. O chefe do DHS lembrou que três novos centros foram inaugurados na semana passada e que há a possibilidade de hospedar famílias migrantes em hotéis coordenados por organizações sem fins lucrativos. “Estamos executando nosso plano, isso leva tempo, é difícil”, enfatizou. Questionado sobre a falta de acesso da imprensa aos centros de fronteira onde estão as crianças, o que aconteceu na gestão Trump, Mayorkas vinculou as restrições à pandemia.
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Recorde de vacinação
Pela primeira vez, os EUA aplicaram mais de 3 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 por dois dias consecutivos, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Nas 24 horas anteriores à manhã de ontem, 3,04 milhões de doses haviam sido aplicadas. No mesmo período anterior, 3,12 milhões. A estimativa do CDC é de que 24,5% das pessoas tenham recebido ao menos uma dose e 13,3% estejam totalmente imunizadas. Três vacinas têm uso autorizado no país: a da Pfizer/BioNTech e a da Moderna, que exigem duas aplicações, e o imunizante de dose única da Johnson & Johnson.