Menos de uma década depois de revelar o Mapa da Vida, um banco de dados global que marca a distribuição de espécies conhecidas em todo o planeta, pesquisadores da Universidade de Yale lançaram um projeto ainda mais ambicioso e, talvez, importante — criar um mapa de onde a vida ainda não foi descoberta. Os dados indicam que o Brasil é um dos países com maior quantidade de espécies desconhecidas.
Para Walter Jetz, professor de ecologia e biologia evolutiva em Yale que liderou o projeto, o novo esforço pode ajudar a apoiar a descoberta e a preservação da biodiversidade em todo o mundo. “No ritmo atual da mudança ambiental global, não há dúvida de que muitas espécies serão extintas antes de sabermos sobre sua existência e termos a chance de considerar seu destino”, disse.
O novo mapa de espécies desconhecidas foi publicado na revista Nature Ecology & Evolution. O autor principal é o brasileiro Mário Moura, ex-associado de pós-doutorado em Yale no laboratório de Jetz e, agora, professor da Universidade Federal da Paraíba “Encontrar as peças que faltam no quebra-cabeça da biodiversidade da Terra é, portanto, crucial para melhorar a conservação da biodiversidade em todo o mundo.”
De acordo com estimativas científicas conservadoras, apenas cerca de 10% a 20% das espécies na Terra foram formalmente descritas. Em um esforço para ajudar a encontrar algumas espécies perdidas, Moura e Jetz compilaram dados exaustivos que incluíram a localização, a distribuição geográfica, as datas de descobertas históricas e outras características ambientais e biológicas de cerca de 32 mil vertebrados terrestres conhecidos.
Previsões
Eles analisaram 11 fatores-chave que permitiram à equipe prever melhor os locais em que espécies desconhecidas podem estar localizadas. Por exemplo, animais de grande porte com ampla distribuição geográfica em áreas povoadas têm maior probabilidade de já terem sido descobertos. É provável que novas descobertas dessas espécies sejam raras no futuro. No entanto, animais menores com alcances limitados que vivem em regiões mais inacessíveis, como a Floresta Amazônica, têm maior probabilidade de ter evitado a detecção até agora.
Moura e Jetz mostram que as chances de descoberta de novas espécies variam amplamente em todo o globo. Sua análise indica que Brasil, Indonésia, Madagascar e Colômbia detêm as maiores oportunidades para identificar novas espécies em geral, com um quarto de todas as descobertas potenciais. As espécies não identificadas de anfíbios e répteis têm maior probabilidade de aparecer em regiões neotropicais e florestas indo-malaias.
25%
das descobertas potenciais de espécies concentram-se em Brasil, Indonésia, Madagascar e Colômbia
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