INTERNACIONAL

Imunização avança nos EUA e começa a apresentar resultados animadores

Nesta semana, dois estudos publicados na revista científica New England Journal of Medicine (NEJM) corroboram o benefício da imunização no país

Rodrigo Craveiro
postado em 25/03/2021 06:00
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

A covid-19 matou 544.883 pessoas e infectou 29,9 milhões nos Estados Unidos. Até a última atualização deste texto, o país havia vacinado 43,7 milhões de cidadãos — 13,4% da população. A imunização, intensificada durante o governo do democrata Joe Biden, começa a apresentar resultados animadores: a redução na hospitalização de idosos e na disseminação da doença entre funcionários da área da saúde. “Estamos vendo uma diminuição significativa no número de visitas à sala de emergências de pessoas maiores de 65 anos; esta faixa etária já foi vacinada”, afirmou à imprensa Rochelle Walensky, diretora do dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC). Os dados recentes indicam que, entre 7 e 13 de março passado, 502 idosos foram hospitalizados por causa da covid-19; entre 3 e 9 de janeiro último, foram 3.384, uma queda de 85 pontos percentuais.

Nesta semana, dois estudos publicados na revista científica New England Journal of Medicine (NEJM) corroboram o benefício da imunização. Um deles avaliou a quantidade de casos entre 23.234 membros da equipe de um grande hospital de Dallas (Texas). A análise detectou apenas 234 infecções com Sars-Cov-2 entre 9 mil funcionários não vacinados, ou 2,61%. Entre os 6.144 que receberam uma dose, houve 112 casos; apenas quatro dos 8.121 completamente imunizados foram infectados. O outro estudo encontrou taxa similar de contágio entre funcionários da saúde vacinadas em dois hospitais da Califórnia.

Para Lawrence Gostin, professor de medicina da Universidade Johns Hopkins e da Universidade Georgetown e especialista em direito de saude pública, o fato de a maioria dos idosos ter sido vacinada aponta para uma “grande redução” nas mortes associadas à covid-19. “A maioria dos óbitos ocorreu em asilos e em ambientes de alto risco. Agora que a população mais vulnerável foi imunizada, nós provavelmente veremos uma queda nas internações e mortes, mesmo que haja aumento no número de casos”, explicou ao Correio.

Gostin lembra que os EUA estão entre os países com melhor desempenho na vacinação. “E provável que a maior parte dos norte-americanos seja vacinada até o fim do verão. Isso coloca os EUA no caminho para retornar a uma vida normal”, observou.

Conhecido mundialmente por uma foto na qual consola um idoso com covid-19, o médico intensivista Joseph Varon, comemora a redução substancial de infectados com o Sars-CoV-2 na UTI do hospital United Memoral Medical Center, em Houston (Texas). “O número de infecções pela covid-19 diminuiu consideravelmente em nossa unidade. Nossa UTI está com 30% da capacidade, em comparação com os mais de 100% registrados meses atrás. No entanto, os pacientes que tratamos têm uma condição mais grave, fato atribuído à cepa britânica”, afirmou ao Correio, por telefone.

No entanto, Varon não acredita que o fenômeno seja efeito direto da imunização dos norte-americanos. “Duvido que a vacina seja responsável por essa mudança drástica, pois não se vacinou um número suficiente de pessoas. O que ocorre é que há mais anticorpos na população. Cerca de 25% dos norte-americanos desenvolveram anticorpos, e muitos deles permaneceram assintomáticos”, comentou. O médico admite que a vacinação pode ter ajudado a impactar os colegas de trabalho e sua própria equipe. “Nenhum de meus médicos e enfermeiros foi infectado nos últimos quatro meses.”

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“O ritmo de imunização anticovid nos EUA tem aumentado. A partir de segunda-feira, serão vacinados quaisquer cidadãos com mais de 16 anos. Isso deve acelerar ainda mais a vacinação. As autoridades também esperam vacinar idosos em suas casas.” Joseph Varon, médico intensivista e diretor-geral do United Memoral Medical Center, em Houston (Texas).

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