CONFUSÃO

Incidente no canal de Suez deixa mais de 230 barcos ancorados; EUA oferecem ajuda

Maioria das embarcações, 107, está na região de Suez, onde o porto está congestionado, e teve de ser ancorada no golfo situado entre o Egito continental e a Península do Sinai

Agência Estado
postado em 26/03/2021 20:35
 (crédito: AFP / Suez CANAL)
(crédito: AFP / Suez CANAL)
Mais de 230 barcos estavam ancorados nesta sexta-feira (26/3) a espera de poder transitar pelo Canal de Suez, que está bloqueado há três dias pelo cargueiro Ever Given, enquanto continuam os trabalhos no local para poder desencalhar a embarcação. O governo americano informou ter oferecido ajuda para o Egito.
A companhia Leth Agencies, que oferece serviços logísticos em vários canais e estreitos do mundo, calculou que estão totalmente parados atualmente 237 barcos no acesso norte de Suez (no Mar Mediterrâneo), e no acesso sul (no Mar Vermelho).
A maioria das embarcações, 107, está na região de Suez, onde o porto está congestionado, e teve de ser ancorada no golfo situado entre o Egito continental e a Península do Sinai, como é possível se ver em imagens de satélite.
Ontem, a Autoridade do Canal de Suez suspendeu a navegação de forma temporária por via marítima. Hoje, o órgão indicou estar fazendo todos os esforços para desencalhar o navio cargueiro, para permitir a regularização da navegação mundial o mais rapidamente possível.
Tanto a empresa japonesa Shoei Kisen, proprietária da embarcação encalhada, quanto a multinacional Bernhard Schulte Shipmanagement, gerente da mercadoria transportada, estão colaborando nas tarefas para tentar mover o Ever Given.
O cargueiro tem 400 metros de comprimento e capacidade para levar 224 mil toneladas, e ficou preso devido aos ventos fortes no meio de uma tempestade de areia que atingiu o Egito esta semana, dificultando a visibilidade.
O governo americano informou nesta sexta-feira que os EUA estão prontos para ajudar a liberar o navio cargueiro, em particular enviando uma equipe de especialistas da Marinha que pode chegar ao local muito rapidamente.
"Oferecemos assistência americana às autoridades egípcias para ajudar a reabrir o Canal de Suez", disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki. "Essas discussões continuam e espero que possamos dizer mais em breve."
O porta-voz do Comando Central do Exército dos EUA (Centcom), comandante Bill Urban, disse por sua vez que o Pentágono já está planejando uma possível missão.
"Nós nos oferecemos para ajudar o Egito, estamos prontos para fazê-lo e consideraremos todos os pedidos específicos que recebermos", disse. "Continuamos monitorando e avaliando a situação, mas não temos nada a acrescentar na assistência específica neste momento."
O comando central dos EUA, que cobre todo o Oriente Médio, é particularmente responsável pela proteção do tráfego marítimo na região. De acordo com um oficial militar americano que pediu anonimato, Washington ofereceu às autoridades egípcias o envio de uma equipe de especialistas da Marinha.
Se o Egito solicitar formalmente, os especialistas poderão ser despachados no sábado do Bahrein, onde está baseada a Quinta Frota dos EUA. Mas este pedido ainda não foi recebido e a missão "não foi aprovada", disse a fonte à agência France Presse.
Os Estados Unidos também estão dispostos a oferecer conselhos de segurança aos armadores que decidirem evitar o Canal de Suez e contornar a África, o que os exporia a áreas de alto risco de pirataria, acrescentou o funcionário.

Bilhões de dólares encalhados

Com o bloqueio do tráfego no Canal de Suez, bilhões de dólares em mercadorias - calculados entre US$ 3 bilhões e US$ 9 bilhões por dia - também ficaram presos e as consequências econômicas exatas dependerão da duração da paralisia.
O bloqueio "não poderia vir em momento pior para o canal mais usado" do mundo, em meio à pandemia do coronavírus, comenta Jonathan Owens, especialista em logística da University of Salford Business School.
"Dado o grande número de partes afetadas pela situação, direta e indiretamente, é impossível neste nível quantificar o valor das mercadorias em atraso", considera Daniel Harlid, analista da Moody's. (com agências internacionais)
 

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