Atos

Violência pode ser 'catastrófica' para jovens de Mianmar, alerta diretora do Unicef

Os protestos em massa pelo retorno à democracia foram sufocados com ações letais da junta governamental

Correio Braziliense
postado em 28/03/2021 22:00 / atualizado em 28/03/2021 22:01
 (crédito:  AFP / DAWEI WATCH)
(crédito: AFP / DAWEI WATCH)

A violência do Exército de Mianmar desde o golpe de Estado do mês passado pode ter "consequências catastróficas" para a geração mais jovem daquele país, alertou neste domingo a diretora executiva da agência da ONU para a infância.

A autoridade máxima do Unicef, Henrietta Fore, manifestou-se após a notícia de que sete crianças estavam entre as mais de 100 pessoas assassinadas ontem pelas forças de segurança de Mianmar, que vive um recrudecimento da violência desde que os militares derrubaram e prenderam a líder civil Aung San Suu Kyi, no mês passado. Os protestos em massa pelo retorno à democracia foram sufocados com ações letais da junta governamental.

"Estou consternada com a matança indiscriminada, inclusive de crianças, que acontece em Mianmar, e com o fato de as forças de segurança não terem agido com moderação e garantido a segurança das mesmas", disse Henrietta. "Além de seus impactos imediatos, as consequências da violência a longo prazo para as crianças podem ser catastróficas."

A diretora advertiu que quase 1 milhão de crianças não têm acesso a vacinas e quase 5 milhões carecem de suplementos de vitamina A. Além disso, quase 12 milhões correm o risco de perder mais um ano escolar, enquanto mais de 40 mil ficaram sem tratamento por desnutrição severa. "Essa perda de acesso a serviços essenciais, combinada com a contração econômica, que irá empurrar muitos mais para a pobreza, coloca em risco toda uma geração de crianças e jovens."

Segundo um balanço local, o número de mortos pela repressão desde o golpe de Estado em Mianmar é de 423. Apenas ontem, 107 pessoas perderam a vida, entre elas sete crianças, segundo dados da ONU. No total, 35 crianças teriam morrido desde o golpe, apontou a diretora do Unicef.

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