O Banco Mundial (BM) melhorou sua previsão econômica para a América Latina e o Caribe em 2021, com um crescimento projetado de 4,4%, frente aos 4% estimados no fim do ano passado, anunciou nesta segunda-feira (29/3) a instituição multilateral, pedindo que se aproveite a recuperação para reestruturar "setores-chave".
A pandemia de covid-19 fez encolher o Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina e do Caribe (exceto na Venezuela) 6,7% em 2020, uma diminuição inferior aos 7,9% previstos meses atrás, disse o BM em seu último relatório semestral, no qual destacou a "oportunidade" que esta recuperação oferece para fazer "uma transformação significativa em setores-chave" como o energético.
O relatório Renewing with Growth aponta o grande custo da crise de saúde para a região, a mais atingida no mundo pela pandemia, com aumento da pobreza e da taxa de desemprego, perda de capital humano e superendividamento. Mas o texto assinala que, apesar do impacto a longo prazo para as economias regionais, existem áreas positivas. O comércio internacional de bens se manteve em contraste com a queda pronunciada do intercâmbio de serviços, principalmente o turismo.
A maioria dos preços de matérias-primas está mais alto, situação que o Banco Mundial atribuiu ao crescimento rápido da China. O relatório também destaca o aumento das remessas, muito importantes para a região, e que os mercados de capital permaneceram abertos para a maioria dos países regionais.
Martín Rama, economista-chefe do BM para a América Latina e o Caribe, afirmou em entrevista coletiva que "existem alguns motivos para o otimismo. Há disrupções que nos permitem avançar em áreas onde antes, através de reformas de política econômica, não estávamos avançando muito. E uma área onde há uma transformação muito importante a caminho é a de energia."
O BM indicou que a comoção causada pela pandemia poderia abrir as portas para inovações no setor elétrico, crucial para o desenvolvimento. Segundo Rama, a região deveria ter a energia mais barata do mundo. No entanto, tem a mais cara, devido, principalmente, a "ineficiências" que, segundo o relatório, refletem-se em "apagões frequentes, empresas públicas com excesso de funcionários e abuso do poder de mercado por parte de geradoras privadas".
A geração de energia por particulares, por meio de painéis solares, por exemplo, e o comércio de energia entre países são duas opções com grande potencial, apontou Rama. "A integração elétrica na América Latina é um caminho a percorrer."
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