EUA

Paramédico disse que George Floyd já estava morto quando chegou ao local da prisão

O processo em Minneapolis é acompanhado com expectativa nos Estados Unidos, no qual muitas emissoras transmitem trechos ao vivo com os depoimentos, depois que a morte do afro-americano Floyd desencadeou uma onda de protestos contra o racismo não vista em décadas

Correio Braziliense
postado em 01/04/2021 20:35
 (crédito: CHANDAN KHANNA / AFP)
(crédito: CHANDAN KHANNA / AFP)

Um paramédico que testemunhou nesta quinta-feira (1) no julgamento do ex-policial Derek Chauvin, acusado de assassinar George Floyd, disse que o afro-americano de 46 anos já havia "falecido" quando chegou ao local de sua prisão.

O processo em Minneapolis é acompanhado com expectativa nos Estados Unidos, no qual muitas emissoras transmitem trechos ao vivo com os depoimentos, depois que a morte do afro-americano Floyd desencadeou uma onda de protestos contra o racismo não vista em décadas.

Floyd morreu depois que Chauvin o imobilizou por vários minutos colocando o joelho sobre seu pescoço. O ex-policial, que se declarou inocente, pode pegar até 40 anos de prisão se for condenado pela acusação mais grave, homicídio em segundo grau.

“Quando cheguei, ele já havia falecido e eu o levei para o hospital, mas ele continuava em parada cardíaca”, disse o paramédico Derek Smith no quarto dia do julgamento.

A acusação procura provar que foram as ações de Chauvin que levaram à morte de Floyd, enquanto a defesa do ex-agente afirma que ele morreu porque estava drogado e tinha problemas de saúde.

Smith disse que Chauvin e outros policiais ainda estavam em cima do Floyd para imobilizá-lo quando seu colega de trabalho Seth Bravinder chegou ao local com uma ambulância.

O paramédico tentou medir o pulso de Floyd, tocando sua artéria carótida. "Não senti nada", disse ele. "Em termos simples, pensei que ele estava morto", acrescentou.

Smith disse que ele, Bravinder e os agentes colocaram Floyd na ambulância e tentaram reanimá-lo fazendo uma massagem cardíaca e usando um desfibrilador, mas seus esforços não tiveram sucesso.

"Ele é um ser humano e eu tentei dar a ele uma segunda chance de viver", disse Smith.

Em seu depoimento, Bravinder disse ao tribunal que, quando eles chegaram, Floyd "não estava respondendo".

"Eu não o vi se mover ou respirar", observou ele.

- "Ficamos viciados" -


Nesta quinta-feira, também testemunhou a namorada de Floyd, que informou que ambos lutavam contra o vício em opioides.

Courteney Ross, uma cidadã branca que manteve um relacionamento com o Floyd de 2017 até sua morte, em 25 de maio, é a primeira pessoa próxima ao falecido a testemunhar no julgamento.

Nos dias anteriores, o processo incidiu sobre as pessoas que testemunharam a sua morte, com depoimentos bastante incriminatórios para o ex-policial.

A mulher de 45 anos respondeu às perguntas com dificuldade, chorando e soluçando na maioria das vezes. Em seu relato, ela contou os detalhes do início do seu relacionamento, como Floyd se aproximou dela e a conquistou com sua voz grave e a sugestão de rezarem juntos, num momento em que se viu angustiada.

O promotor Matthew Frank aproveitou o interrogatório para questionar sobre o vício em opiáceos que Floyd e Ross compartilhavam.

"Floyd e eu vivemos a clássica história do vício em opiáceos", contou. "Ficamos viciados e tentamos muito interromper o vício muitas vezes", acrescentou Ross.

Ambos tinham receita para comprimidos opioides sedativos e, após se viciarem, passaram a comprar essas drogas na rua ou no mercado negro.

- "Extinguiu sua vida" -


Segundo a namorada, apesar do vício, Floyd, um homem que tinha quase dois metros de altura e pesava 100 quilos, mantinha um estilo de vida saudável e praticava exercícios diariamente.

"Ele estava treinando com pesos que eu não conseguia nem levantar", afirmou a mulher.

Uma linha importante de defesa do ex-policial é o fato de que, no momento de sua morte, Floyd estava sob efeito de fentanil (um opioide sintético), e teria a substância no sangue.

O advogado de defesa Eric Nelson entrou em cena tendo como foco de suas perguntas a natureza das drogas usadas, como o casal as obteve e um episódio em março em que Floyd teve uma overdose e foi hospitalizado.

O advogado também destacou que às vezes eles compravam as drogas de duas pessoas que estavam com Floyd no momento de sua morte.

Um deles, Maurice Hall, entrou com um recurso de última hora na quinta-feira para evitar depor.

Ben Crump, o advogado da família Floyd, criticou os esforços da defesa para "construir uma narrativa de que a causa da morte de Floyd foi o fentanil em seu sangue".

Queremos lembrar ao mundo que testemunhou sua morte em vídeo que George estava andando, falando, rindo e respirando pouco antes de Derek Chauvin pressionar o joelho contra o pescoço de George, bloqueando sua capacidade de respirar e extinguindo sua vida ", disse Crump.

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