A União Europeia (UE) comandará, hoje, uma reunião da Comissão de Grandes Potências com o Irã, na qual se debaterá “a perspectiva de um eventual retorno dos Estados Unidos às negociações”. O anúncio foi feito pelo chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell. A expectativa é de que o encontro, que ocorrerá por meio de videoconferência, abra caminho para a readesão de Washington ao Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) — o acordo nuclear voltado para impedir que Teerã fabrique armas nucleares. Durante o governo do republicano Donald Trump, os EUA abandonaram o pacto de modo unilateral e sancionaram setores do regime islâmico e da economia iraniana.
“Os participantes debaterão a perspectiva de um possível retorno dos EUA ao JCPOA e como garantir a plena e efetiva implementação do acordo por todas as partes”, afirmou um documento divulgado, ontem, por representantes da China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido, Irã e União Europeia. “Estamos prontos para buscar um retorno ao cumprimento de nossos compromissos do JCPOA, de modo consistente, com o Irã fazendo o mesmo”, admitiu Neil Price, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.
Em entrevista ao Correio, Hossein Gharibi, embaixador do Irã em Brasília, explicou que o JCPOA foi formulado com base na política do “dar e receber”, fruto dois anos de negociações. “É um documento legal, endossado por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. Os Estados Unidos não somente reimpuseram sanções ao Irã e impactaram gravemente a nossa economia, mas também se projetaram como um ator que não tem respeito por suas promessas e compromisso legais. Vale lembrar que o cumprimento dos compromissos e obrigações é o princípio básico do direito internacional”, declarou. “Nós não nos esqueceremos de que, enquanto o Irã tem sido um dos países mais duramente atingidos pela covid-19, o seu Banco Central e o seu Ministério da Saúde não podem acessar o próprio dinheiro em bancos no exterior para pagar por comida e medicamentos para a população.”
De acordo com o diplomata, ainda que o ex-presidente Donald Trump tenha violado suas obrigações, Joe Biden nada tem feito para repreender e corrigir os rumos. “Em junho de 2019, o agora presidente Biden tuitou: ‘É tristemente irônico que o Departamento de Estado agora peça ao Irã para cumprir com o acordo que o governo Trump abandonou’. Biden segue a mesma política fracassada”, desabafou Gharibi. (RC)
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