O novo presidente do Níger, Mohamed Bazoum, denunciou nesta sexta-feira (2) "crimes de guerra" cometidos por "grupos terroristas" durante sua cerimônia de posse, dois dias após uma "tentativa de golpe de Estado" e em meio a uma onda de ataques extremistas islâmicos.
O Níger "enfrenta a existência de grupos terroristas cuja barbárie acaba de ultrapassar todos os limites", declarou o novo presidente.
Esses grupos "estão envolvidos em massacres em grande escala de civis inocentes, cometendo verdadeiros crimes de guerra", acrescentou Bazoum.
Segundo o presidente, o grupo Estado Islâmico do Grande Sahara (EIGS), cujos líderes são oriundos do Magrebe, tem as suas bases "no Mali, nas regiões de Menaka e Gao".
A luta contra este grupo "será muito difícil enquanto o Estado do Mali não exercer a plenitude da sua soberania nessas regiões", acrescentou.
"A situação atual no Mali tem um impacto direto na segurança interna do nosso país", portanto "nossa agenda diplomática se concentrará no Mali", concluiu.
Vários chefes de Estado africanos participaram da cerimônia de posse de Bazoum, que é muito próximo do presidente cessante Mahamadou Issoufou.
Parceiro na luta contra o jihadismo nos países do Sahel, incluindo o Níger, a França foi representada pelo seu ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian.
A transferência de poder entre Issoufou e Bazoum é a primeira entre dois presidentes eleitos democraticamente em um país com uma história marcada por golpes de Estado.
Bazoum, de 61 anos, foi eleito no segundo turno da eleição presidencial de 21 de fevereiro com mais de 55% dos votos contra o ex-presidente Mahamane Ousmane, que não reconheceu sua derrota e pediu "manifestações pacíficas".
Em seu discurso, o novo presidente se declarou "pronto para um diálogo construtivo" com seu rival para conseguir "um clima político pacífico".
A cerimônia de inauguração, realizada no Centro Internacional de Conferências de Niamey, ocorreu logo após "uma tentativa de golpe de Estado", segundo o governo.
Na madrugada de quarta-feira, soldados armados invadiram o bairro presidencial em Niamey, mas foram repelidos pela guarda presidencial após troca de tiros.
Várias "pessoas relacionadas a esta tentativa de golpe" foram "presas e outras estão sendo procuradas", disse o governo.
Bazoum também terá que enfrentar as ações de grupos terroristas leais à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico (EI), além do grupo nigeriano Boko Haram.
Os ataques contra civis aumentaram desde o início do ano. Mais de 300 pessoas perderam a vida em três séries de ataques no oeste do país.
O último desses ataques ocorreu em 21 de março na região de Tahoua, matando 141 em três aldeias tuaregues e campos vizinhos.
A região de Tahoua, vasta e deserta, fica a leste da de Tillabéri, ambas perto da fronteira com o Mali.
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