O Capitólio, centro do Poder Legislativo dos Estados Unidos e chamado de “a casa do povo”, voltou a ser alvo de um ataque, 86 dias depois de uma invasão. Às 13h02 de ontem (14h02 em Brasília), um homem lançou um carro sedã azul contra uma barricada na entrada norte do complexo e atropelou dois policiais na Avenida da Constituição. Desceu do automóvel portando uma faca, correu em direção dos agentes, foi baleado e morreu 28 minutos depois, após dar entrada no hospital.
Um dos policiais atingidos, o veterano William “Billy Evans”, que trabalhava havia 18 anos no Capitólio, não resistiu aos ferimentos e faleceu. A região central de Washington D.C. ficou isolada por cerca de duas horas, enquanto homens da Guarda Nacional patrulhavam o Capitólio. Um helicóptero chegou a pousar no gramado do National Mall — a esplanada que se estende do prédio do Congresso até o Lincoln Memorial.
Em 6 de janeiro passado, o prédio chegou a ser invadido por uma horda de simpatizantes do então presidente Donald Trump, que protestavam contra a derrota nas eleições. Na ocasião, cinco pessoas morreram, incluindo o policial Brian D. Sicknick. Segundo a agência de notícias France-Presse, ontem, o Congresso estava em recesso para a Semana Santa, e poucos funcionários permaneciam no local.
As autoridades confirmaram a identidade do autor: Noah Green, 25 anos, natural do estado de Indiana. Em seu perfil no Facebook, apagado pouco depois, ele se dizia “seguidor do islã” e chegou a publicar mensagens sobre o fato de ter ficado desempregado, sobre a busca de orientação espiritual e sobre sentir “medo” do FBI — a polícia federal norte-americana — e da CIA (Agência Central de Inteligência). Nas redes sociais, Green se descrevia como simpatizante de Louis Farrakhan, líder do grupo político e religioso fundamentalista Nação do Islã, de orientação antissemita. Ele também discorria sobre “o fim dos tempos” e o “anti-Cristo”.
Até o fechamento desta edição, não estava clara a motivação do atentado. Robert Contee, chefe da polícia do Distrito de Colúmbia, afirmou que “não parece ser um (evento) relacionado com o terrorismo”. “Precisamos entender a motivação por trás desse ato sem sentido”, acrescentou.
Condolências
O presidente dos EUA, Joe Biden, divulgou comunicado à imprensa no qual afirmava estar “devastado” pelo “violento ataque”. “Jill e eu enviamos nossas sinceras condolências à família do policial Evans e a todos, lamentando sua perda. Nós sabemos o quão difícil tem sido este momento para o Capitólio, para todos os que trabalham lá e para aqueles que o protegem”, escreveu Biden, ao citar a primeira-dama. O democrata ordenou o hasteamento a meio mastro da bandeira americana na Casa Branca e em todos os prédios públicos de Washington D.C. até o pôr-do-sol da próxima terça-feira.
Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, declarou que “o coração da América está partido pela trágica e heróica morte de um de nossos heróis da Polícia do Capitólio: o policial William Evans”. “Ele é um mártir da nossa democracia”, destacou. Pelosi assegurou que o Capitólio está pronto para ajudar as forças de ordem em uma investigação “rápida e exaustiva desse atentado atroz”.
“Eu estou destroçado pelo policial morto ao defender nosso Capitólio e por sua família. Rezo pelo policial ferido e por sua família. Estamos em dívida com eles”, disse Chuck Schumer, líder da maioria democrata no Senado.
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Reconhecimento da ciência e celebração da fé
Para o líder da Igreja Católica, a Sexta-feira da Paixão foi momento de demonstração de fé e de esperança, mas, também, de aceno à ciência, enquanto o mundo celebra a segunda Semana Santa consecutiva em meio à pandemia da covid-19. Na noite de ontem, o papa Francisco presidiu, na Praça de São Pedro, a Via-Crúcis (D) sem público, em evento que contou apenas com a participação de crianças italianas. Em 2020, o sumo pontífice confiou a presos a leitura de textos sobre a Paixão de Cristo, sua condenação à crucificação e seu sepultamento. Neste ano, foi a vez de crianças e adolescentes de um grupo de escoteiros, além de menores pertencentes a uma paróquia romana que ajuda vulneráveis. Mais cedo, o papa se reuniu com sem-teto e pessoas vulneráveis que receberam a vacina contra a covid-19, no átrio da Sala Paulo VI do Vaticano. Ele saudou médicos e enfermeiras (E), acompanhou o procedimento de preparação dos imunizantes e conversou com pessoas que aguardavam na fila de vacinação.