Prisão do príncipe Hamza

Justiça da Jordânia proíbe informações sobre caso do príncipe Hamza

Segundo as autoridades, as prisões ocorreram por "motivos de segurança

Agência France-Presse
postado em 06/04/2021 18:43 / atualizado em 06/04/2021 18:46
 (crédito: KHALIL MAZRAAWI)
(crédito: KHALIL MAZRAAWI)

A Jordânia pretende encerrar o caso da tentativa de sedição no palácio real, no qual estaria envolvido o príncipe Hamza, meio-irmão do rei Abdullah II, ao proibir a publicação de qualquer informação sobre a investigação em curso.

A proibição foi decretada pela Justiça, enquanto a rivalidade entre partidários do príncipe Hamza e do rei Abdullah II se reflete nas redes sociais com fotos e vídeos.

A crise na Jordânia explodiu no sábado com a acusação contra o príncipe Hamza de "atividades" contra o reino e a detenção de várias personalidades, incluindo Basem Awadallah (ex-assessor do rei). Segundo as autoridades, as prisões ocorreram por "motivos de segurança".

O príncipe Hamza negou as acusações sobre seu envolvimento em uma tentativa de conspiração.

Para tentar acabar com o episódio inédito na história do reino, o procurador-geral de Amã proibiu a publicação de informações sobre o caso do príncipe Hamza.

"Com o objetivo de respeitar o sigilo da investigação dos serviços de segurança sobre o príncipe Hamza e outros, (está decidido) proibir a publicação de qualquer informação relacionada com o inquérito neste momento", afirmou o procurador Hassan al-Abdallat, em um comunicado.

"A proibição de publicação envolve todos os meios audiovisuais e redes sociais, assim como as imagens, ou vídeos, relacionados com o tema, sob pena de ações legais", completa a nota.

Sob pressão

O príncipe Hamza, filho mais velho do rei Hussein e da rainha Noor (americana), denunciou em vídeos e no Twitter que estava sob "prisão domiciliar" em seu palácio de Amã. Também negou ter participado de um complô e acusou as autoridades de "corrupção" e "incompetência".

Em uma carta assinada para os membros da família real e publicada na segunda-feira à noite em um comunicado de palácio real, porém, ele escreveu: "À luz dos acontecimentos dos últimos dias, continuo sendo fiel à herança de meus antepassados e sempre apoiarei o rei e o príncipe herdeiro".

Uma reunião familiar aconteceu na casa do príncipe Hassan - irmão do ex-rei Hussein e tio do atual soberano -, que ficou responsável por uma mediação a pedido de Abdullah II.

O príncipe Hassan, de 74 anos, conheceu a mesma situação problemática que o príncipe Hamza, de 41 anos.

Alguns dias antes de sua morte, o rei Hussein substituiu o príncipe Hassan, príncipe herdeiro por 34 anos, por seu filho Abdullah II, hoje no trono.

Escolhido como príncipe herdeiro após a morte de seu pai em 1999, Hamza foi excluído desta posição em 2004.

O príncipe Hamza teve de ceder sob a pressão do tio, de acordo com analistas, mas não retirou as críticas veementes sobre a maneira como o país é governado.

Hamza teria dito ao chefe do estado-maior do Exército, o general Yusef Huneiti, que se considera um "homem livre", com direito a servir seu país como jurou a seu pai "em seu leito de morte", de acordo com uma gravação divulgada pelo Facebook.

O príncipe Hamza indicou em um vídeo publicado na noite de sábado pela BBC que havia gravado sua conversa com aquele alto funcionário, ao receber a visita do general, que lhe ordenou que ficasse calado.

O rei Abdullah II recebeu várias mensagens de apoio do exterior.


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