ISRAEL

Netanyahu deve formar governo

Correio Braziliense
postado em 06/04/2021 23:11
 (crédito: Alex Kolomoisky/AFP)
(crédito: Alex Kolomoisky/AFP)

Designado pelo presidente Reuven Rivlin para formar o próximo governo de Israel e réu em julgamento por corrupção, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, buscou exibir confiança na articulação política para evitar novas eleições. “Formaremos um governo forte para os cidadãos, não um governo de paralisação, e, sim, de ação”, disse, ao discursar para os deputados de seu Partido Likud (direita). “Farei o possível para tirar Israel da espiral de eleições.”
Rivlin, por sua vez, reconheceu que a decisão de nomear Netanyahu não foi fácil, “tanto moral quanto eticamente”. “Tomei minha decisão com base nas recomendações (dos partidos), que indicam que o deputado Benjamin Netanyahu tem a maior possibilidade de formar o governo. Por isso, decidi designá-lo para formar o governo”, anunciou. Na segunda-feira, 52 membros da Knesset (Parlamento) externaram apoio ao premiê, enquanto o Likud conquistou 30 das 120 cadeiras.
O israelense Eytan Gilboa, professor de comunicação política da Universidade Bar-Ilan, em Ramat Gan (Tel Aviv), acredita que Netanyahu tem a melhor chance de seguir no comando no país, aproveitando-se da oposição fragmentada. “Ele precisa de mais nove assentos na Knesset para governar. Seria extremamente difícil para o premiê alcançar tal número. Netanyahu tenta trazer à sua base um partido de direita, o Yemina, que detém sete parlamentares, e obter ‘apoio externo’ do Partido Árabe Islâmico local, o qual conta com quatro assentos. Mas, a base do Yemina se opôs à colaboração com os islâmicos e não se decidiu se unirá a Netanyahu ou à oposição”, afirmou ao Correio.

Julgamento

Gilboa descarta que o julgamento de Netanyahu, que começou na segunda-feira, possa comprometer as negociações para o novo governo. “Ele tem uma base bastante sólida. São 30 parlamentares, que conhecem sobre o indiciamento e o julgamento e, ainda assim, votarão nele. Esses legisladores apoiam o premiê, custe o que custar”, comentou.
O especialista vê a possibilidade de Netanyahu e de a oposição não serem capazes de formar um governo, o que levaria à quinta eleição em dois anos. “Se Netanyahu falhar, o Likud pode pedir que ele se retire. Neste caso, ficaria mais fácil criar um governo de centro-direita. Um gabinete baseado apenas na maioria ínfima de 61 legisladores não seria estável”, explicou Gilboa.
De acordo com Efrain Inbar, presidente do Instituto para Estratégia e Segurança de Jerusalém, seria melhor se os 61 parlamentares fossem alinhados a Netanyahu. “O premiê tem o maior número de seguidores, e lidera o maior partido político de Israel. Mais de 40% dos cidadãos israelenses consideram-no mais adequado para a chefia de governo. Mesmo aqueles que se opõem a ele pensam assim”, disse ao Correio. (RC)

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