Refugiados

Refugiados palestinos comemoram o retorno de ajuda dos EUA

A ajuda anual dos Estados Unidos chegava a 300 milhões de dólares antes de Trump interrompê-la

Correio Braziliense
postado em 08/04/2021 15:09
 (crédito: ALFREDO ZUNIGA / AFP)
(crédito: ALFREDO ZUNIGA / AFP)

No campo de refugiados de Al-Jalazun, na Cisjordânia, Mohamad Zaid "agradece aos Estados Unidos" pela retomada da ajuda aos palestinos anunciada pelo governo Biden, mas para Sabah Sukkar, uma jovem que vive em Gaza, o gesto é "tardio".

Depois que o ex-presidente Donald Trump suprimiu as contribuições dos EUA para a Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) em 2018, Mohamad Zaid visitou a clínica de Al-Jalazun, perto de Ramallah, e não encontrou nenhum medicamento.

Mas logo no início de seu governo, o presidente Joe Biden restabeleceu essa ajuda financeira. "Agradecemos aos Estados Unidos por restabelecer seu apoio. As condições de vida no campo são difíceis e a UNRWA precisa de ajuda", disse ele à AFP.

O Comissário Geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, expressou em uma declaração nesta quinta-feira seu "apreço pela renovação das relações" entre sua agência e os Estados Unidos "que está ocorrendo em um momento crítico".

"A UNRWA não poderia estar mais feliz, porque mais uma vez estamos fazendo parceria com os Estados Unidos para fornecer assistência essencial a alguns dos refugiados mais vulneráveis no Oriente Médio e, assim, cumprir nossa missão de educar e fornecer cuidados de saúde a milhões de refugiados a cada dia", afirmou.

A agência ajuda cerca de cinco milhões de pessoas nos territórios palestinos, mas também na Jordânia, Síria e Líbano, principalmente por meio de escolas e centros de saúde. A ajuda anual dos Estados Unidos chegava a 300 milhões de dólares antes de Trump interrompê-la, considerando que a UNRWA já não era útil, mais de 70 anos após sua criação.

Decisão esperada há muito tempo 

Na quarta-feira, Washington anunciou US$ 150 milhões em ajuda à agência, de um total de US$ 235 milhões destinados aos palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

“Esperamos que o apoio (americano) vá ainda mais longe”, disse Zaid, um dos 9.450 habitantes de Al-Jalazun, um acampamento de aproximadamente 25 hectares, criado em 1949 e onde, como em outros lugares, as primeiras barracas foram substituídas por edifícios de concreto, colados uns aos outros.

Também em Gaza, um enclave com dois milhões de habitantes, dos quais mais da metade com status de refugiado, Sabah Sukkar comemora "uma decisão esperada há muito tempo". Para essa jovem que mora no campo de Al-Shati, a decisão de Washington é "positiva, embora tardia".

“Vai melhorar a situação econômica, mas de forma modesta”, estima a funcionária de um salão de beleza, em um território onde o desemprego, que chega a 50%, é ainda maior entre os jovens.

Para Shadi Al Astal, professor de Khan Yunis (sul de Gaza), "a decisão de Joe Biden constitui uma derrota para seu antecessor Trump e uma vitória para o presidente" palestino Mahmoud Abbas.

Embora "decepção" e "desacordo" tenham prevalecido em Israel, a autoridade palestina do presidente Abbas acolheu uma decisão encorajadora, mas insuficiente dos EUA. Além do apoio financeiro, o primeiro-ministro Mohamed Shtayyeh pediu o retorno das "relações políticas" com os Estados Unidos.

Os palestinos boicotaram o governo Trump depois que ele quebrou décadas de consenso internacional ao reconhecer Jerusalém como a capital de Israel em dezembro de 2017.

Durante seu mandato, Donald Trump também fechou o escritório da representação palestina em Washington e seu Consulado Geral em Jerusalém, que atuou como uma embaixada de fato com os palestinos, ao mesmo tempo que multiplicava os gestos de apoio ao Estado hebraico.

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