Justiça

Justiça italiana manda prender empresário ligado a escândalo no Vaticano

Segundo a agência de notícias italiana AGI, Torzi está em Londres e não foi preso até o momento

Agência France-Presse
postado em 12/04/2021 10:49 / atualizado em 12/04/2021 10:49
 (crédito: Tiziana FABI / AFP)
(crédito: Tiziana FABI / AFP)

A Justiça italiana ordenou a prisão por fraude fiscal do empresário italiano Gianluigi Torzi, ligado ao Vaticano na polêmica compra de um imóvel de luxo em Londres - informaram fontes policiais nesta segunda-feira (12/4).

Torzi é acusado de ter ganho, de forma ilícita, 15 milhões de euros (US$ 17,8 milhões) e de ter criado um complexo sistema de faturas falsas para enganar o Tesouro, explicou a polícia em comunicado.

A Justiça vaticana, que solicitou a assistência jurídica das autoridades italianas, investiga Torzi pelos opacos arranjos financeiros e pela rede de empresas e consultorias, quase todas italianas, que acabou criando um rombo de mais de 454 milhões de euros (cerca de US$ 500 milhões) nas finanças da Santa Sé.

De acordo com a investigação italiana, Torzi transferiu parte de seus ganhos para duas empresas inglesas e investiu em ações de empresas que cotam na bolsa de valores italiana, envolvendo um total superior a 4,5 milhões de euros (US$ 5,3 milhões).

Segundo a agência de notícias italiana AGI, Torzi está em Londres e não foi preso até o momento.

"É evidente que Gianluigi Torzi, com a colaboração de testas de ferro e de homens de confiança, usa várias empresas, inclusive com sede no exterior, como fachada para sua atividade empresarial, em grande parte baseada na sonegação de impostos, que prevê a utilização de receitas ilícitas em especulação financeira", resumiu a Procuradoria de Roma, ao determinar sua detenção.

Em um fato pouco comum, o Vaticano deteve Gianluigi Torzi por alguns dias em junho de 2020, no âmbito da investigação aberta após o escândalo causado pela compra de um imóvel de luxo, em Londres, com fundos da Secretaria de Estado.

No obscuro investimento de mais de US$ 400 milhões para a aquisição de um edifício no coração financeiro de Londres, ocorrida entre 2014 e 2018, Torzi teria cobrado milhões de euros como comissão.

O Vaticano pediu o congelamento dos ativos de Torzi em Londres. No mês passado, porém, um juiz inglês revogou o congelamento das três contas bancárias do corretor italiano, alegando que o Vaticano não apresentou provas suficientes para o caso.

Em novembro passado, o papa Francisco deixou o secretário de Estado sem recursos próprios e ordenou o corte de todos os laços com o fundo de investimento suspeito, no âmbito de uma campanha interna em favor da transparência de suas contas.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação