Horas depois de ser eleito presidente do Equador, o conservador Guillermo Lasso prometeu uma “verdadeira mudança” no país. Ao derrotar o esquerdista Andrés Arauz, candidato apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, o ex-banqueiro de 65 anos rompeu com o socialismo. “Começa uma nova etapa para o Equador, na qual todas e todos podemos viver melhor. A democracia, a liberdade e as famílias equatorianas venceram”, escreveu Lasso no Twitter. Às 18h de ontem, com 99,30% dos votos apurados, Lasso tinha 52,43% contra 47,57% para Arauz. No fim da tarde, o presidente Jair Bolsonaro cumprimentou o equatoriano. “Estou certo de que estreitaremos ainda mais os laços que unem nossas nações e trabalharemos pela liberdade em nossa região. Felicidade ao povo equatoriano e sucesso ao presidente eleito!”, afirmou em seu perfil na rede social.
O triunfo do direitista, membro da ordem católica Opus Dei, contrariou as últimas pesquisas eleitorais, que apontavam a vitória de Arauz. Simón Pachano, professor de ciência política da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), em Quito, afirmou ao Correio que Lasso fez uma excelente campanha no segundo turno e abriu-se a grupos que expunham reivindicações inéditas, que nenhum outra candidato tinha apresentado. “Arauz, por sua vez, manteve-se em posições muito rígidas”, comentou.
De acordo com Pachano, a eleição de Lasso demonstrou a força do anticorreísmo, especialmente nas regiões montanhosas. “Esse fenômeno permitiu ao ex-banqueiro conseguir votos atribuídos ao líder indígena Yaku Pérez e ao empresário Xavier Hervas. Houve muito temor pelo plano econômico apresentado por Arauz, que acenou buscar alguma forma de abandonar a dolarização. As ameaças de Rafael Correa, que anunciava castigos e vingança, fizeram com que a população se recordasse dos atropelos de seu governo”, avaliou o estudioso.
O ex-presidente, que vive na Bélgica desde o fim do mandato (2007-2017), admitiu a derrota de seu afilhado político. Correa citou uma frase de Arauz: “Não é um final, mas um começo”. “Sinceramente, acreditávamos que ganharíamos, mas nossas projeções estavam erradas. Sorte a Guillermo Lasso, seu sucesso será também do Equador. Apenas peço a ele que termine com o ‘lawfare’, o qual destrói vidas e famílias”, escreveu. Foi uma referência à perseguição política da qual diz ser vítima depois da condenação à revelia por corrupção. (RC)
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