Violência

Policial que matou jovem negro perto de Minneapolis será indiciada por homicídio culposo

A policial, responsável pela morte de Daunte Wright, de 20 anos, alega ter confundido o taser com a arma de serviço

Correio Braziliense
postado em 14/04/2021 14:12 / atualizado em 14/04/2021 16:08
 (crédito: KEREM YUCEL / AFP)
(crédito: KEREM YUCEL / AFP)

A policial que atirou e matou um jovem negro perto de Minneapolis foi presa sob a acusação de homicídio culposo, em um contexto de protestos nesta cidade do meio-oeste dos Estados Unidos e do julgamento do ex-agente que matou o cidadão negro George Floyd no ano passado.

"Os policiais prenderam Kim Potter aproximadamente às 11h30", informou o Departamento de Apreensão Criminal de Minnesota em um comunicado, acrescentando que as acusações de homicídio culposo seriam apresentadas em seguida.

A agente Kim Potter, de 48 anos, renunciou após o incidente sobre o qual ela alega ter confundido sua taser (pistola de choque) com sua arma de serviço quando atirou em Daunte Wright, de 20 anos, em uma blitz de trânsito no domingo.

A morte de Wright gerou novos protestos em Minneapolis, Minnesota, onde a tensão racial aumenta. Os manifestantes entraram em confronto com as forças policiais pela terceira noite na terça-feira(13) e mais de 60 pessoas foram presas, disseram autoridades policiais.

A polícia de choque se mobilizou para dispersar os quase 1.000 manifestantes reunidos no Brooklyn Center, o subúrbio onde ocorreu o incidente que matou Wright.

Os policiais utilizaram armas paralisantes enquanto os manifestantes atiravam objetos como garrafas de água e tijolos.

Na terça-feira, as famílias Wright e Floyd se reuniram para exigir o fim da brutalidade policial e do assassinato de afro-americanos desarmados por policiais brancos.

"O mundo assiste traumatizado ao assassinato de outro afro-americano", disse Philonise Floyd, irmão de George, que testemunhou na segunda-feira no julgamento de Derek Chauvin.

Uma arma por uma taser? 

"Da família Floyd à família Wright, nossas condolências", acrescentou enquanto consolava a mais nova família afro-americana a lamentar a morte de um ente querido nas mãos da polícia. “Aqui estamos e vamos lutar por justiça para esta família”, acrescentou.

Os Floyd e os Wrights rejeitam a explicação de que a morte de Daunte foi um trágico acidente resultante da confusão da policial quando ela pegou a arma de fogo em vez da pistola taser(de choque, nota do editor), e vários de seus membros e ativistas pediram que a oficial fosse presa.

Eles chamam isso de erro? Uma arma por uma taser? É inaceitável ", disse o sobrinho de Floyd, Brandon Williams. “Só porque você representa a lei não significa que está acima da lei”, acrescentou. "Sinto que o pai do meu filho lhe foi tirado", disse Chyna Whitaker, mãe do filho de Daunte Wright.

"Não consigo respirar"

Os promotores concluíram sua apresentação no julgamento de Chauvin, dando voz à defesa. O advogado de Eric Nelson alegou que Floyd morreu por uso de fentanil e metanfetamina, além de problemas de saúde subjacentes.

O defensor pede sua absolvição, alegando que os promotores não conseguiram provar sua tese contra Chauvin, um homem branco de 45 anos, deixando dúvidas sobre o caso.

Um vídeo de transeuntes mostra Chauvin ajoelhado no pescoço de Floyd por nove minutos, enquanto o negro de 46 anos, algemado no chão, diz repetidamente "Não consigo respirar".

Imagens da prisão de Floyd - por supostamente usar uma nota falsa de 20 dólares - e de sua morte em 25 de maio de 2020 geraram protestos nos EUA e em todo o mundo contra a injustiça racial e a brutalidade policial.

No caso da morte de Wright, imagens da câmera utilizada no uniforme dos policiais mostram agentes tirando Wright de seu carro depois de detê-lo por uma infração de trânsito e descobrir que ele tinha um mandado pendente.

Quando os agentes tentam algemar Wright, ele luta e retorna para o carro. Uma policial grita: "Taser! Taser! Taser!" mas então um tiro é ouvido.

O presidente Joe Biden chamou o incidente de "trágico" e pediu calma enquanto as autoridades realizam a investigação.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação