Reencontro entre abraços e lágrimas

Austrália e Nova Zelândia inauguram um corredor de viagens sem quarentena, encerrando mais de 400 dias de fronteiras fechadas. Nos Estados Unidos, começa a imunização de toda a população com mais de 18 anos, enquanto países europeus flexibilizam restrições

Correio Braziliense
postado em 19/04/2021 20:43
 (crédito: Saeed Khan/AFP)
(crédito: Saeed Khan/AFP)

Foram mais de 400 dias de afastamento compulsório por conta da pandemia do novo coronavírus. Ontem, finalmente, famílias e amigos se reencontraram após os primeiros voos da “bolha” que permite viagens sem restrições entre Nova Zelândia e Austrália. A mensagem Welcome whanau (Bem-vinda família, em maori) foi escrita em letras gigantes em uma parte da pista do aeroporto de Wellington, capital neozelandesa. “É um grande dia”, declarou a primeira-ministra Jacinda Ardern, que celebrou a política eficaz contra a covid-19 nos dois países.
O aguardado corredor de viagens sem quarentena foi marcado por abraços e lágrimas. Lorraine Wratt, uma neozelandesa bloqueada pela pandemia quando estava com sua família na Austrália, comemorou o fato de poder viajar novamente. “Viemos para a Austrália para passar o Natal com nossos filhos. Tínhamos planejado voltar em fevereiro. Foi um pesadelo”, disse.
Antes da pandemia, os australianos representavam 40% dos turistas estrangeiros que visitavam a Nova Zelândia, com quase 1,5 milhão de viajantes em 2019. O trajeto dura três horas. “É como um único grande país, por isso, é muito bom abrir as fronteiras. Ajudará todas as famílias”, disse Mehat El Masri, que aguardava o reencontro com o filho, Shady, que mora em Sydney, depois de 16 meses.
A bolha, que entrou em prática após meses de negociações entre os países vizinhos que conseguiram controlar em grande parte a pandemia, foi celebrada como um importante marco para restabelecer a indústria da aviação mundial, muito abalada pelo coronavírus.
A Austrália informou que estuda a possibilidade de criar outros corredores de viagens com Singapura, Coreia do Sul, Japão e Taiwan. A Nova Zelândia está trabalhando para permitir o acesso sem restrições dos habitantes de pequenos Estados do Pacífico, como as Ilhas Cook ou Tuvalu.
Os governantes dos dois países, porém, já advertiram que adotar mais mudanças nos fechamentos das fronteiras decretados pela pandemia será um processo lento. “A ideia de que simplesmente um dia tudo será aberto não é o que vai acontecer. Vai ser feito com cuidado e prudência, trabalhando duro na proteção sanitária e médica”, disse o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison.

Vacinação

Enquanto Austrália e Nova Zelândia vislumbram a volta à normalidade, os Estados Unidos deram mais um passo para ampliar a imunização contra a covid-19. A vacina, administrada na metade dos adultos no país, foi estendida a toda a população com mais de 18 anos. Essa medida também será adotada na Índia, a partir de 1º de maio, em uma tentativa de conter a intensa disseminação da doença, que vem fazendo estragos no país.
Diante de uma segunda onda que ameaça colapsar hospitais, as autoridades da capital indiana, Nova Délhi, impuseram um confinamento de uma semana a partir de ontem. “Se não adotarmos a medida agora, teremos um desastre maior”, estimou o ministro-chefe de Nova Délhi, Arvind Kejriwal.
Com 1,3 bilhão de habitantes, a Índia relatou, ontem, um recorde de 273.810 infecções, no quinto dia consecutivo com mais de 200 mil novos diagnósticos. A ambição de vacinar toda a população esbarra na falta de doses. Até sábado, 117 milhões haviam sido aplicadas.
Para atender a suas imensas necessidades, o país, que abriga a maior fábrica de vacinas do mundo, o Serum Institute, suspendeu as exportações e vai acelerar o processo de aprovação para uso de vacinas produzidas fora de seu território.
A situação crítica na Índia levou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a cancelar sua viagem oficial ao país marcada para a semana que vem. O Reino Unido também decidiu proibir a entrada de viajantes daquele país, com exceção de cidadãos britânicos e residentes.

América Latina

As perspectivas também são sombrias na América Latina, onde o Peru, por exemplo, registrou mais de 400 mortes por covid-19 em 24 horas pela primeira vez no domingo, em um momento de aumento de contágios provocado pela variante brasileira do vírus.
O governo peruano anunciou o retorno, a partir de 25 de abril, de uma quarentena dominical obrigatória em Lima e em 41 das 196 províncias, principalmente da zona andina e da costa, consideradas em “risco extremo”.
Para frear a propagação das variantes do vírus, a França anunciou que vai multar em 1,5 mil euros (aproximadamente R$ 10 mil) os viajantes procedentes de Brasil, Argentina, Chile e África do Sul que violarem a quarentena obrigatória de 10 dias após a chegada ao território francês.
Mas há boas notícias na Europa, com a flexibilização das restrições em vários países. Ao longo da semana, isso acontecerá na Bélgica, Eslovênia, Eslováquia, Mônaco e Dinamarca, entre outros.
Portugal iniciou ontem a terceira fase do desconfinamento progressivo, com a reabertura dos centros comerciais e das áreas internas de cafeterias e restaurantes, salas espetáculos, escolas do ensino médio e universidades. A Grécia, por sua vez, anunciou a suspensão da quarentena obrigatória de sete dias para viajantes residentes permanentes dos países da União Europeia, assim como do Reino Unido, Estados Unidos e Israel, entre outros.
Também a Suíça começou um processo de retomada da normalidade, com espaços ao ar livre permitidos em restaurantes, bares e cinemas, instalações esportivas e aulas presenciais na reabertura das universidades.
Desde que foi detectado na China, em dezembro de 2019, o coronavírus matou mais de 3 milhões de pessoas no mundo e infectou pelo menos 140 milhões.

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