Mergulhada em uma grave crise sanitária, a Índia bateu o recorde mundial de diagnósticos da covid-19 após registrar quase 315 mil novos casos do novo coronavírus em 24 horas. Até, ontem, a primeira posição de diagnósticos em um dia pertencia aos Estados Unidos, que, em janeiro, contabilizou mais de 297,4 mil contágios. Desde o último dia 14, a Índia vem registrando mais de 200 mil casos da doença.
Com os 312.835 registros reportados pelo ministério indiano da Saúde, o total de contágios no país foi elevado a 15,9 milhões desde o início da pandemia. No entanto, o número de casos e mortes em proporção à população continua sendo significativamente menor do que em muitos outros países.
Para se ter uma ideia, o Brasil, com 212 milhões de habitantes, registrou 383,5 mil óbitos, o dobro da Índia, onde vivem 1,3 bilhão de pessoas. Os dados das autoridades indianas mostram que, entre quarta-feira e ontem, ocorreram 2.074 mortes — o balanço da pandemia beira 185 mil registros.
A crise no país está sendo agravada pela escassez de oxigênio e de leitos livres nos hospitais, o que pressiona muitos cidadãos a pagar preços exorbitantes no mercado negro para socorrer seus familiares. Em Nova Délhi, onde restrições severas foram adotadas, estão ocorrendo cremações em massa. Em outras partes do país, há fila para cremar os mortos.
A disseminação de uma variante “duplo mutante” — surgida no ano passado no estado de Maharastra, mas que ganhou força nas últimas semanas — representa uma nova ameaça não só por lá. Países como o Canadá, a França e os Emirados Árabes endureceram seus controles a viajantes indianos ou suspenderam suas conexões aéreas com a Índia. Ontem, as autoridades sanitárias da Bélgica informaram a detecção pela primeira vez da variante em um paciente.
Em todo o mundo, o coronavírus matou mais de 3 milhões de pessoas e contagiou 144 milhões, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse, com base em fontes oficiais. Com 878.815 óbitos e 27,6 milhões de casos, a América Latina e o Caribe é a a segunda região mais afetada do mundo, atrás da Europa.
No Equador, diante da “velocidade acelerada de contágio” da covid-19, o presidente Lenín Moreno decretou estado de exceção em 16 das 24 províncias durante 28 dias, atendendo ao apelo do Comitê de Operações de Emergência. Enquanto isso, as autoridades do Peru informaram que o país está no pico da segunda onda, com 300 mortes diárias.
A América Latina vacinou menos de 10% da sua população e seus líderes coincidiram em denunciar que, na região, não chegam imunizantes em quantidades suficientes.
Em contraste, nos Estados Unidos, o país mais afetados em termos absolutos, com 569.404 mortos e 31.862.401 casos da doença, já foram aplicadas mais de 200 milhões de doses, num desempenho superior ao estimado.
O Reino Unido, que aplicou pelo menos uma dose em 33 milhões de seus habitantes, informou a ocorrência de 168 casos de graves coágulos sanguíneos — 32 dos quais resultaram em mortes — entre os milhões de britânicos vacinados com o fármaco da Oxford/AstraZeneca.
A Alemanha anunciou, por sua vez, que pretende comprar 30 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, embora ainda não tenha sido autorizada pelo órgão regulador europeu.
Além de tentar acelerar as campanhas de vacinação, os governos europeus também reduzem as restrições. A Itália voltará a abrir as áreas externas de seus restaurantes a partir de 26 de abril, nas regiões consideradas de menor risco de contágio. Na França, o governo conclui a primeira etapa de desconfinamento, com a expectativa de que o pior tenha passado.
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