O ataque fatal na sexta-feira contra uma agente na delegacia de Rambouillet, perto de Paris, foi cometido por um tunisiano de 36 anos, cuja radicalização "parece pouco questionável" e que apresentava "certos distúrbios de personalidade", indicou neste domingo (25/4) o procurador antiterrorista.
Vários elementos fundamentam a radicalização do homem em poucos meses, anunciou à imprensa o procurador nacional antiterrorista, Jean-François Ricard.
Uma "rápida exploração" do celular do atacante, Jamel Gorchene, revelou "que ele havia, imediatamente antes de agir, consultado vídeos de canções religiosas glorificando o martírio e a jihad", disse.
O procurador também se referiu a postagens no Facebook indicando, desde o ano passado, "uma adesão a uma ideologia que legitima a violência contra quem ofende o profeta".
Assim, "em 24 de outubro de 2020, poucos dias após o assassinato de Samuel Paty (professor assassinado por um extremista islâmico), o autor aderiu a uma campanha de apoio ao profeta diante das ofensas que seriam cometidas a ele", ressaltou Ricard.
"Se a radicalização do agressor parece pouco questionável, também se observou a presença de certos transtornos de personalidade", observou Ricard.
Sob custódia policial, o pai de Jamel Gorchene falou da "prática rigorosa do Islã" e dos "distúrbios de comportamento" observados em casa "no início do ano".
Ele foi a duas consultas psiquiátricas no hospital Rambouillet em fevereiro. No entanto, "sua condição não exigia hospitalização ou tratamento", disse Ricard.
"Ato bárbaro"
A Tunísia, a quem a França solicita colaboração nesta investigação, condenou "veementemente" o ataque, em um comunicado de imprensa de sua embaixada.
Denunciou um "ato bárbaro em pleno mês do Ramadã, mês sagrado que representa os valores da tolerância e da fraternidade entre os indivíduos".
Na sexta-feira à tarde, Jamel Gorchene, "com fones de ouvido", esfaqueou no abdômen e na garganta Stéphanie M. - agente administrativa de 49 anos que estava desarmada e sem uniforme - na entrada da delegacia.
Segundo testemunhas, o agressor gritou "Allah Akbar". Em resposta, um policial disparou duas vezes contra o agressor, que se recusava a "largar a faca" com "uma lâmina de 22 cm". Ao cair no chão, ele jogou "sua faca na direção dos policiais", segundo o procurador.
Uma quinta pessoa, um primo de Jamel Gorchene, foi preso neste domingo.
Seu pai - que morava com ele - um casal que o hospedava administrativamente e outro primo já estavam sob custódia policial desde sexta e sábado.
O agressor era entregador e desconhecido dos serviços de inteligência e da Justiça. Mas seu modus operandi corresponde aos chamados recorrentes do grupo Estado Islâmico para atacar a polícia.
"Depressivo"
Originário de Msaken, na costa leste da Tunísia, Jamel Gorchene chegou ilegalmente à França em 2009 e foi regularizado dez anos depois.
Em dezembro, ele obteve uma autorização de residência válida por um ano.
Retornando da Tunísia entre 25 de fevereiro e 13 de março, ele parecia "deprimido", disse um primo de Msaken à AFP.
O ataque de Rambouillet é "a 17ª ação terrorista islâmica cometida na França desde 2014 contra a polícia", lembrou Ricard.
Nove policiais ou militares morreram e quase vinte ficaram feridos nesses ataques, muitas vezes cometidos com arma branca.
O primeiro-ministro Jean Castex reuniu no sábado os ministros do Interior, da Justiça e dos Exércitos e serviços envolvidos.
O ministro do Interior, Gerald Darmanin, deve apresentar um projeto de lei na quarta-feira, em preparação por várias semanas, para fortalecer a luta contra o terrorismo.
Uma homenagem será prestada a Stéphanie M. na segunda-feira ao final da tarde em frente à Câmara Municipal de Rambouillet. Ao mesmo tempo, dois sindicatos policiais convocaram a polícia a "se reunir simbolicamente na frente de seu prédio".
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