Cerca de 27.435 pessoas foram deslocadas de seus territórios na Colômbia durante o primeiro trimestre de 2021, um aumento de 177% em relação ao mesmo período de 2020, impulsionado por um novo surto de violência no país, informou a Defensoria do Povo (ombudsman) nesta segunda-feira (26).
Entre 1º de janeiro e 31 de março de 2021, ocorreram 65 "eventos de deslocamento em massa", quase o dobro dos 35 registrados nos três primeiros meses do ano anterior, acrescentou a entidade em um boletim.
Segundo a Defensoria do Povo, as principais causas para a fuga de milhares de pessoas no país são ameaças, homicídios, recrutamento forçado, presença de artefatos explosivos, confrontos entre grupos armados ou combates entre o Exército e gangues ilegais.
Dividida por quase seis décadas de lutas internas, a Colômbia acreditava ter virado sua pior página da guerra com o desarmamento dos paramilitares (2006) e da guerrilha das FARC (2017), após a assinatura de um acordo de paz histórico em 2016.
Mas um novo ciclo de violência atinge o interior do país, com uma explosão de grupos que se adiantaram ao Estado na reconquista de áreas deixadas pelos ex-rebeldes.
Em nota, a ONU rejeitou “a violência perpetrada contra comunidades, defensores dos direitos humanos, líderes sociais e comunitários, assim como ex-combatentes das antigas FARC-EP, situação que se agravou nas últimas semanas”.
Segundo a organização, sete ex-guerrilheiros foram mortos em um período de oito dias.
O partido de esquerda Comunes, que emergiu do acordo de paz, garante que no total já mataram 271 signatários do pacto assinado em 2016.
De acordo com o observatório Indepaz, até agora em 2021, a Colômbia registrou 31 massacres - ou assassinatos de pelo menos três pessoas na mesma ação - com 116 vítimas. No ano passado, o mesmo órgão relatou 91 assassinatos.
Somente no domingo, cinco pessoas foram mortas a tiros em uma plantação de café no departamento de Antioquia (noroeste).
Embora o pacto de paz tenha aliviado a violência política, a Colômbia vive um conflito que já deixou mais de nove milhões de vítimas ao longo dos anos, a maioria delas deslocados.
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