Uma deputada governista apresentou uma proposta legislativa para expulsar os estrangeiros que falarem mal do Panamá por até 15 anos, em uma lei que também busca anular uma regularização maciça que beneficiou milhares de migrantes.
A iniciativa, promovida pela deputada Zulay Rodríguez, do Partido Revolucionário Democrático (Social-Democrata), governista, tem como objetivo deportar "os estrangeiros que manifestarem publicamente ofensas e insultos à nacionalidade panamenha", embora não especifique o tipo de ofensas.
Este projeto "está carregado de ódio, ressentimento e alguns respingos de sentimento xenófobo", afirmou à AFP, nesta quarta-feira, Rafael Rodríguez, presidente da Associação de Moradores e Naturalizados do Panamá (Arena).
Os migrantes temem que qualquer simples opinião ou disputa de rua possa terminar em uma deportação, independentemente do status do migrante, que pode perder o emprego ou ser forçado a se separar de sua família.
"Se um estrangeiro disser que não acha que as plantas ou flores do Panamá são as mais bonitas ou que não gosta de sancocho [prato local] ou de tal comida, então há ofensa e deportação", ressalta Rafael Rodríguez.
No entanto, a deputada Rodríguez alega que o projeto visa "apresentar uma reforma abrangente da legislação de imigração" mais "de acordo com a realidade" para "defender nosso país e nossos cidadãos".
"Não se trata de sermos xenófobos", acrescentou a legisladora em sua proposta.
Desde 2008, o Panamá, com 4,2 milhões de habitantes, concedeu mais de 180.000 autorizações de residência, das quais quase um quarto foram para venezuelanos, cujo país é afetado por uma crise social e econômica.
Sua presença gerou conflitos esporádicos com alguns panamenhos, que acusam esses estrangeiros de "tirarem" seus empregos e zombarem do país que os acolhe, denúncias mencionadas pela deputada Rodríguez.
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