OBITUÁRIO

Michael Collins, 90 anos, piloto da Apollo 11

Correio Braziliense
postado em 28/04/2021 20:54
 (crédito: Eric Baradat/AFP)
(crédito: Eric Baradat/AFP)

Foi por meio de um amoroso comunicado que a família do astronauta americano Michael Collins anunciou, ontem, a morte do integrante da Apollo 11, a primeira missão tripulada enviada à Lua. Aos 90 anos, ele lutava contra um câncer. “Mike sempre encarou os desafios da vida com graça e humildade, e enfrentou esse, seu desafio final, da mesma maneira”, escreveu a família Collins em sua conta oficial no Twitter.
Piloto do módulo de comando, permaneceu sozinho em movimento pela órbita lunar, enquanto Neil Armstrong e Edwin “Buzz” Aldrin se tornaram os primeiros homens a andar na Lua, onde ele sequer pisou. Chamado por alguns como “o homem mais solitário da História”, foi menos celebrado do que os companheiros de missão, mas, nos últimos anos, destacou-se como o mais ativo deles.
“Meu caro Mike, onde quer que você tenha ido, você sempre terá a chama para nos transportar com habilidade a novos céus e ao futuro. Sentiremos sua falta. Descanse em paz”, saudou seu colega Buzz Aldrin, 91 anos, último membro ainda vivo da Apollo 11. Armstrong morreu em 2012, aos 82 anos, em decorrência de complicações ligadas a procedimentos cardiovasculares.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, celebrou a trajetória de Collins, que, de astronauta, seguiu uma carreira pública e escreveu livros relacionados à aventura espacial. “Michael Collins viveu uma vida a serviço do nosso país”, exaltou o chefe da Casa Branca. “Embora possa não ter recebido a mesma glória, ele era um parceiro igual, lembrando à nossa nação a importância da colaboração a serviço dos grandes objetivos.”
Em um comunicado, a Nasa — a agência espacial norte-americana — enfatizou o papel fundamental do astronauta na missão. “A nação perdeu hoje um verdadeiro pioneiro e defensor da exploração na pessoa de Michael Collins”, assinalou, acrescentando: “Alguns o chamavam de ‘o homem mais solitário da História’ - enquanto seus colegas caminhavam na Lua pela primeira vez, ele estava ajudando nossa nação a atingir um marco crucial.”

Memórias

Apesar da idade já avançada, Collins foi, nos últimos anos, o mais ativo dos veteranos da missão Apollo 11 e aquele que mais poeticamente evocou suas memórias da aventura lunar. “Quando partimos e a vimos, ah, que esfera incrível”, contou ele em 2019, em Washington, por ocasião da comemoração do 50º aniversário do marco espacial.
“O Sol estava atrás dela. Então, ela estava iluminada com um círculo dourado que tornava suas crateras realmente estranhas, devido ao contraste entre o mais branco dos brancos e o mais preto dos pretos.”
“Mas por mais esplêndida e impressionante que fosse, não foi nada comparado com o que víamos pela outra janela. Ali estava aquela ervilha do tamanho de uma unha, uma coisinha tão linda envolta no veludo negro do resto do universo”, continuou ele, assinalando: “Eu disse, então, ao centro de controle, ‘Houston, eu vejo o mundo em minha janela’”.
Ao comunicar o óbito do cosmonauta, a família Na nota, “sua inteligência aguçada, seu sereno senso de dever e o olhar de sabedoria adquirido ao retornar à Terra do espaço e ao observar as águas calmas de seu barco de pesca”.
Filho de pai diplomata, Collins nasceu em 31 de outubro de 1930, em Roma. Nos Estados Unidos, tornou-se piloto de testes do Exército. Na década de 1960, ele acumulou muitas horas de voo no espaço, especialmente durante as missões Gemini.
O único membro da tripulação da Apollo 11 que não caminhou no satélite terrestre dizia não ter ressentimentos. Como Aldrin e Armstrong, Collins rapidamente deixou a Nasa após o retorno triunfal à Terra. Foi nomeado subsecretário de Estado para Assuntos Públicos pelo presidente Richard Nixon. Em seguida, dirigiu a construção do National Air and Space Museum em Washington, assumindo sua presidência entre 1971 e 1978. Posteriormente, tornou-se consultor e escreveu livros relacionados à aventura espacial.

“Meu caro Mike, onde quer que você tenha ido, você sempre terá a chama para nos transportar com habilidade a novos céus e ao futuro. Sentiremos sua falta. Descanse em paz”,

Edwin “Buzz” Aldrin, último membro ainda vivo da Apollo 11.

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