Denúncia

Dissidente de Cuba, artista faz greve de fome há cinco dias

Luis Manuel Otero Alcántara denuncia a censura e apreensão de suas obras por parte de elementos de segurança

Correio Braziliense
postado em 29/04/2021 18:04
 (crédito: YAMIL LAGE / AFP)
(crédito: YAMIL LAGE / AFP)

Havana, Cuba - O artista cubano dissidente Luis Manuel Otero Alcántara denunciou, nesta quinta-feira (29), que está debilitado, após passar cinco dias em greve de fome para denunciar a censura e apreensão de suas obras por parte de elementos de segurança.

"Estou apostando a vida, este é meu quinto dia de fome e sede, ontem à noite eu já estava com um aperto no peito", disse Otero em uma transmissão pelo Facebook.

Anamely Ramos, membro do Movimento San Isidro (MSI), informou que Otero Alcántara está "estável, mas muito enfraquecido". A ativista disse à AFP através de uma mensagem pelo WhatsApp que conseguiu falar com ele na noite de quarta-feira.

Otero Alcántara vive a greve sozinho em sua casa, localizada na Rua Damas, do bairro pobre de San Isidro, em Havana Velha, que é vigiada por uma dúzia de agentes de segurança à paisana, duas patrulhas em cada esquina e cerca de seis homens uniformizados, confirmou um jornalista da AFP.

Ninguém conseguiu entrar em sua casa, inclusive dois padres que tentaram visitá-lo para monitorar sua saúde, disse Ramos.

Antes de entrar em greve, o artista vinha há vários dias denunciando a desapropriação de suas obras, duas semanas após um grupo de pessoas ligadas ao governo entrar em sua casa e arrancar os cartazes que pintou das paredes.

As obras foram levadas, enquanto um grupo de policiais deteve Alcántra e um amigo que o acompanhava.

Há meses, o MSI, formado por artistas, intelectuais e jornalistas independentes, mantém um intenso ativismo nas redes sociais para exigir a liberdade de expressão em seu país.

"Estamos preocupados com relatos de detenções arbitrárias e a violação dos direitos dos cubanos de se reunir, se expressar e sua liberdade de movimento", tuitou Julie Chung, chefe interina do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos.

A Anistia Internacional também denunciou a situação de Luis Manuel Otero no Twitter. “Chega de assédio contra ativistas!”, exigiu.

 

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