ORIENTE MÉDIO

Israel investiga tragédia

Pelo menos 45 pessoas morrem em procissão judaica ortodoxa, o primeiro grande evento no país desde o início da pandemia. Segundo informações, havia permissão para 10 mil pessoas no local, no entanto o número pode ter chegado a 100 mil

Correio Braziliense
postado em 30/04/2021 23:33
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

Em choque pela tragédia inesperada, Israel abriu uma investigação para apontar os responsáveis pelo grande tumulto que matou pelo menos 45 pessoas, incluindo crianças, durante uma peregrinação judaica ortodoxa no Monte Meron, no norte do país. Ao mesmo tempo, sob forte comoção, famílias iniciaram os sepultamentos das vítimas do maior evento ocorrido desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março do ano passado. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que esteve no local do festival, decretou um dia de luto nacional amanhã.
“A catástrofe do Monte Meron é uma das mais graves a atingir o Estado de Israel”, destacou o premiê em uma rede social, acrescentando: “O que aconteceu aqui é de partir o coração (...) A maioria dos que morreram ainda não foi identificada”, acrescentou Netanyahu, prometendo uma “investigação completa”.
A tragédia ocorreu na noite de quinta-feira, quando milhares de pessoas se reuniram para celebrar o feriado de Lag Baomer, ao redor do suposto túmulo do rabino Shimon Bar Yochai, um talmudista do século 2 que é creditado por escrever o Zohar, um obra central do misticismo judaico. Segundo depoimentos colhidos pela agência de notícias France-Presse, uma multidão se aglomerou para passar por um corredor muito estreito.
As imagens publicadas nas redes sociais mostram uma procissão com uma multidão compacta e que se aproximava de uma estrutura de metal, onde judeus religiosos estavam de pé ao redor de uma fogueira.
Da celebração à tragédia foram instantes. Pouco antes, a multidão percorria corredores e salões, dançando e cantando, rezando e acendendo velas e fogueiras. Homens e mulheres estavam separados e também havia crianças.

Superlotação

O comandante da polícia da região norte, Shimon Lavi, disse à imprensa que “assume a responsabilidade” pelo desastre. As autoridades permitiram a presença de 10 mil pessoas na área do túmulo, mas, segundo os organizadores, em todo o país foram fretados mais de 650 ônibus, o que representa pelo menos 30 mil pessoas. A imprensa local calculou o fluxo em 100 mil pessoas, mas o número não foi confirmado pelas autoridades.
As cerimônias fúnebres não tardaram.Nos bairros ultraortodoxos de Jerusalém e Bnei Brak, na periferia de Tel Aviv, milhares de homens vestidos em trajes típicos foram vistos, por ocasião dos primeiros sepultamentos.
Foram várias as mensagens de solidariedade enviadas pela comunidade internacional. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, desejou ao povo israelense “força e coragem para superar estos momentos difíceis”.
União Europeia e França expressaram, de modo separado, condolências às famílias das vítimas e à população, desejando “uma pronta recuperação aos feridos”. O governo da chanceler alemã, Angela Merkel, declarou-se “profundamente comovido”. “Terríveis cenas na festa de Lag Baomer em Israel”, tuitou, por sua vez, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

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Adiamento polêmico

Adiamento polêmico

Marcadas para o próximo dia 22, as eleições legislativas palestinas tiveram seus preparativos suspensos por tempo indeterminado — não serão retomados até que seja assegurada a realização do pleito em Jerusalém Oriental, parte da Cidade Sagrada ocupada. O anúncio, feito ontem de madrugada, pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, desagradou os islamitas do Hamas.
“Decidimos adiar a data das eleições até que [...] seja garantido que nosso povo possa exercer seus direitos democráticos em Jerusalém”, disse. As primeiras eleições em 15 anos foram anunciadas em janeiro como parte de um projeto de “reconciliação” entre o partido laico Fatah, de Abbas, e o Hamas, as duas grandes forças da política palestina.
“O Fatah e o presidente palestino têm toda a responsabilidade por essa decisão (de adiar as eleições) e por suas consequências que representam, nem mais nem menos, um golpe de Estado ao nosso acordo de reconciliação”, reagiu o Hamas. Em Ramallah, centenas de pessoas protestaram contra o adiamento das eleições.

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