COLÔMBIA

Torcedores suspendem brigas com facas para não sobrecarregar UTIs

Trégua teria sido decretada pelas organizadas dos clubes Deportivo Pereira e Nacional, rivais no estado colombiano de Risaralda

A pandemia tem gerado gestos de solidariedade por parte de diferentes grupos sociais e, alguns desses, acabam soando um pouco inusitados. É o caso da trégua noticiada pelo portal colombiano Risaralda en Vivo. De acordo com o periódico, integrantes das torcidas organizadas dos times de futebol Deportivo Pereira e Nacional suspenderam as brigas com facas por um mês para diminuir a sobrecarga das UTIs na capital do estado.

A notícia diz ainda que as organizadas "esperam voltar às atividades normais (brigas com facas) a partir de 23 de maio". Nos comentários, a publicação dividiu opiniões. O jornalista Diego Garces considerou a postagem "inadequada": "Isso incita à violência e deve ser denunciado".

Já o leitor Daniel Giraldo levantou suspeitas sobre a informação: "Devem fechar esta página irracional. Se vão publicar, pelo menos publiquem algo verdadeiro". Entretanto, outras pessoas responderam em tom irônico. "A notícia é falsa, ninguém acredita que os torcedores (das organizadas) possam passar um mês sem se esfaquear faca ou visitar um hospital", escreveu Dilver Huertas Guerrero.

Como a publicação não cita as fontes da informação, é difícil cravar se a trégua é verdadeira. As brigas com facas são realmente comuns entre as organizadas colombianas. Em 2019, por exemplo, torcedores chegaram a atirar uma navalha no gramado depois que o Independiente Medelín foi derrotado pelo Milonarios.

Pandemia

Apesar dos relatos de mortos e feridos em confrontos desse tipo serem comuns, as brigas agendadas não são oficiais. Por isso mesmo, nem as organizadas nem os clubes se manifestaram sobre a publicação. Entretanto, a informação sobre a lotação das UTIs é verdadeira.

O estado de Risaralda é um dos mais afetados pela covid-19 na Colômbia. Na quarta-feira (21/4), o governo local publicou um comunicado em que informava que os hospitais do estado estavam lotados. A lotação das UTIs estava em 100% para pacientes com coronavírus e 96% para doentes em geral. Na nota, o governador explicava que as vagas eram apenas para quem estivesse internado na área de oncologia.

As aulas foram suspensas em 12 municípios e, para 14 deles, o governador recomendou que fosse decretado toque de recolher de até quatro dias. Na quarta, seis pessoas estavam na lista de espera aguardando transferência para outros estados.

Saiba Mais